O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apoiou a indicação de Aldo Rebelo (PDT) para ocupar o cargo de secretário de Relações Internacionais da prefeitura de São Paulo, sucedendo Marta Suplicy. O convite foi formalizado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) após uma reunião na sede do Executivo paulistano, conforme informou o colunista do GLOBO, Lauro Jardim.
Aldo Rebelo, que já foi ministro nos governos de Dilma Rousseff e Lula, tem mantido contato com o núcleo político de Bolsonaro nos últimos meses, e essa relação amigável foi destacada por aliados do ex-presidente.
A nomeação de Aldo para a prefeitura de São Paulo cria um dilema para o seu partido, o PDT, que anteriormente expressou apoio ao pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL-SP).
A escolha de Aldo para o cargo não gerou agitação entre os apoiadores de Bolsonaro, mesmo considerando suas raízes políticas de esquerda.
Os aliados do ex-presidente enfatizam que Aldo é defensor da propriedade privada, dos direitos de defesa do cidadão e possui uma boa relação com o agronegócio e os militares, tendo ocupado anteriormente o cargo de ministro da Defesa.
Além disso, ele publicamente rejeitou a classificação dos eventos de 8 de janeiro como golpe, descrevendo-os como uma “fantasia” que serviu para a polarização política no país.
Fabio Wajngarten, ex-secretário de comunicação do governo Bolsonaro, comentou sobre a indicação de Aldo, destacando que ela fortalece a capacidade do grupo de Ricardo Nunes de competir contra Boulos e o PT nas eleições municipais. Ele enfatizou o pragmatismo da direita nesse contexto.
Baleia Rossi, presidente do MDB e coordenador da campanha de Ricardo Nunes, elogiou a nomeação de Aldo, ressaltando sua longa trajetória política e serviços prestados ao país e a São Paulo. Aldo anunciou sua intenção de se licenciar do PDT enquanto ocupar um cargo na gestão de Ricardo Nunes.
A justificação de Aldo Rebelo para não apoiar Boulos na eleição municipal baseia-se na oposição deste último à realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, enquanto Aldo era ministro do Esporte no governo Dilma.
Rebelo menciona as manifestações e protestos organizados na época, que geraram preocupações quanto à realização do torneio esportivo.
Embora Rebelo tenha atribuído a Boulos a campanha “Não vai ter Copa”, aliados do líder do PSOL argumentam que esse lema estava associado aos anarquistas e autonomistas que protestavam contra as obras da Copa e os gastos relacionados.
Eles afirmam que o MTST, liderado por Boulos, fazia parte de um comitê mais amplo que incluía universidades e outros grupos.
Rebelo, que pertence a uma corrente ultranacionalista do PDT, afastou-se dos partidos de esquerda como PSOL e PT nos últimos anos.
Ele é visto com simpatia pelos bolsonaristas devido à sua falta de identificação com pautas progressistas defendidas por líderes de esquerda mais jovens. Suas declarações sobre temas como ONGs, produtores rurais e segurança pública ecoam mais à direita do espectro político.