O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está programando um encontro com o Ministro de Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, em Fortaleza (CE), marcado para a próxima sexta-feira, 19.
Wang Yi é uma figura proeminente na diplomacia chinesa e a reunião ocorre quase um ano após Lula visitar a China, quando se encontrou com o líder chinês Xi Jinping.
Na época, a visita de Lula tinha como objetivo melhorar as relações entre o Brasil e a China após os desentendimentos ocorridos durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Durante o encontro, Lula deverá reiterar o apoio do Brasil ao princípio de “uma só China”, que rejeita o movimento separatista de Taiwan, considerada uma província rebelde por Pequim. Recentemente, a tensão na região aumentou devido à eleição de um presidente taiwanês mais anti-China.
Na quarta-feira, 17, o Ministério de Defesa de Taiwan relatou a detecção de 18 jatos da Força Aérea chinesa realizando exercícios em conjunto com navios de guerra nas proximidades de seu território, marcando a primeira atividade militar em larga escala de Pequim na região desde as eleições em Taiwan.
A visita oficial de dois dias de Wang Yi ao Brasil tem como objetivo fortalecer as relações entre os dois países.
O governo Lula considera essa reaproximação como um “relançamento das relações sino-brasileiras” e busca elevar essas relações a um novo patamar.
Observadores acreditam que Pequim compartilha dessa disposição, já que o Brasil foi incluído no primeiro circuito internacional de Wang Yi este ano.
A posição do Brasil em favor do princípio de “uma só China” é histórica e tem implicações diplomáticas significativas.
Em uma declaração conjunta assinada durante a visita de Lula à China no ano passado, o Brasil reafirmou seu compromisso com esse princípio, reconhecendo o governo da República Popular da China como o único governo legal que representa toda a China, enquanto Taiwan é uma parte inseparável do território chinês.
Lula partirá para uma viagem pelo Nordeste do Brasil na quinta-feira, 18, antes do encontro com Wang Yi. Esta não será a primeira vez que o ex-presidente demonstra apoio às autoridades chinesas durante sua estadia no Brasil, como evidenciado por seu encontro com Li Xi em setembro passado.
Antes de sua chegada a Fortaleza, Wang Yi terá uma série de compromissos em Brasília, incluindo reuniões com o chanceler Mauro Vieira e com o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim.
Além disso, ambos presidirão a quarta reunião do diálogo estratégico global Brasil-China, que deve abordar questões relacionadas à relação bilateral e a questões multilaterais e regionais, incluindo a presidência brasileira do G20.
O encontro também discutirá o papel do Brics na geopolítica mundial, uma das questões centrais em discussão. Durante sua visita à China no ano passado, Lula defendeu o uso mais frequente da moeda chinesa no comércio global e a utilização do banco do Brics como alternativa ao dólar.
Durante a reunião de sexta-feira, ambos os lados deverão assinar acordos, incluindo um relacionado à extensão do prazo de vistos.
Além disso, questões geopolíticas, como os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza, receberão atenção especial durante o encontro dos chanceleres. O Brasil buscou mediar esses conflitos no passado, embora sem sucesso.
Wang Yi também será convidado para um jantar no Palácio do Itamaraty na noite de quinta-feira. Além das questões geopolíticas, o Brasil busca fortalecer ainda mais os laços econômicos e atrair investimentos da China, que é seu maior parceiro comercial desde 2009.
Em 2023, o comércio bilateral atingiu US$ 157,5 bilhões, com exportações brasileiras de US$ 104,3 bilhões e importações de US$ 53,2 bilhões. Antes de chegar ao Brasil, Wang Yi visitou Egito, Tunísia, Togo e Costa do Marfim, e planeja visitar a Jamaica em seguida.