Em janeiro, o custo do frete marítimo internacional sofreu um aumento significativo, dobrando em relação ao mês anterior. Segundo relatos, essa elevação é consequência direta dos ataques realizados por um grupo houthi a navios comerciais nas imediações do Iêmen.
O preço médio para transportar um contêiner experimentou uma escalada, passando de US$ 1.520 em meados de dezembro para US$ 3.070 em janeiro.
Os cálculos, baseados em dados do WCI (Índice Mundial de Contêineres), compilados pela consultoria britânica Drewry, levam em consideração rotas globais principais no transporte de contêineres, incluindo gastos como combustível e seguros.
Notadamente, essas despesas aumentaram cerca de 250% para navios que transitam pela região afetada.
A costa do Iêmen desempenha um papel estratégico no comércio internacional, sendo um ponto de acesso crucial ao canal de Suez, no mar Vermelho.
Este canal é considerado a rota mais curta para navios asiáticos, principalmente da China, rumo à Europa. Estima-se que cerca de 15% das exportações globais passem por esta via.
Os ataques conduzidos pelos houthis, intensificados desde o final de dezembro e na primeira quinzena de janeiro, têm como alvo principal embarcações dos Estados Unidos, um aliado de Israel. O grupo justifica suas ações como um ato de apoio aos palestinos e ao Hamas.
Em resposta, uma coalizão liderada pelos EUA, com apoio de nações europeias, iniciou uma ofensiva contra as bases do grupo houthi na última semana.
O grupo reagiu alegando que continuará seus ataques contra os navios desses países, considerados inimigos.
Os houthis, originários do norte do Iêmen e pertencentes ao segmento xiita do islamismo, compartilham laços religiosos com o governo do Irã. Ambos se identificam como membros do “Eixo de Resistência”, que inclui o Hamas.
O cenário de ataques se concentra no golfo de Áden, perto do estreito de Bab Al-Mandab, uma rota essencial que conecta o mar Vermelho ao Oceano Índico.
O desvio de rotas comerciais se tornou uma necessidade para muitas companhias marítimas, incluindo a gigante dinamarquesa Maersk.
Agora, os navios rumo à Europa estão contornando a África pelo Cabo da Boa Esperança, adicionando cerca de 11 dias ao tempo médio de viagem, conforme esclarece Larry Carvalho, advogado especialista em logística e direito marítimo.
De acordo com a consultoria Drewry, essa alteração nas rotas resultou em um aumento superior a 200% no custo de transporte de contêineres em algumas rotas, especialmente aquelas que ligam o porto de Xangai, na China, a Gênova, na Itália, e Roterdã, na Holanda.
Carvalho ainda observa que, para manter a frequência semanal de embarques contratada, algumas companhias tiveram que aumentar o número de navios em operação, afetando potencialmente mercados menores, como o Brasil.
A situação atual já reflete no Brasil, com um aumento no custo do frete vindos da China, alcançando cerca de US$ 3.500 por contêiner.
Persistindo essa conjuntura, é provável que haja um impacto significativo no custo de importação, influenciando a inflação e potencialmente causando desabastecimento em algumas cadeias de suprimento.
Concluindo, os efeitos desses ataques e alterações nas rotas marítimas são sentidos globalmente, com repercussões diretas no comércio internacional e nos custos associados ao transporte marítimo.
Com informações do Poder360