Um diálogo interceptado do grupo de Telegram “Filhos de Januário”, obtido pela Operação Spoofing, expõe um pedido de indiciamento da filha de José Dirceu, Camila Ramos de Oliveira e Silva, por lavagem de dinheiro, realizado por Deltan Dallagnol e outros procuradores da Lava Jato, sem evidências concretas.
Este diálogo ocorreu entre 30 e 31 de agosto de 2015, logo após a prisão preventiva de José Dirceu na 17ª fase da operação, no início do mesmo mês.
As mensagens trocadas entre os procuradores sugerem que o indiciamento de Camila foi uma estratégia para exercer “uma pressão danada” sobre o ex-ministro.
No dia seguinte, 1º de setembro de 2015, Camila foi formalmente acusada de lavar dinheiro proveniente de suposta propina recebida por seu pai de Milton Pascowitch, proprietário da Jamp, em uma transação imobiliária em São Paulo.
Os registros das conversas, contudo, indicam a ausência de provas concretas contra Camila no momento do indiciamento.
Além dela, a arquiteta Daniela Facchini, responsável pelas obras no apartamento em questão, também foi indiciada. Roberson Pozzebon, um dos procuradores próximos a Dallagnol, inicialmente sugeriu o indiciamento de Camila, apesar de admitir posteriormente a falta de provas específicas contra ela.
O diálogo revela ainda a intenção de pressionar José Dirceu, com Deltan Dallagnol dando a ordem final para o indiciamento de Camila.
A discussão se estendeu a questionamentos sobre o conhecimento de Camila em relação à origem ilícita do dinheiro.
Tony Garcia, em entrevista à TV 247, corroborou a narrativa de uma perseguição premeditada contra Dirceu, iniciada em 2005, e estendida até Lula.
Ele alegou ter sido coagido a fornecer informações falsas para incriminar o ex-ministro, e mencionou uma abordagem ameaçadora por parte de um repórter da Veja, insinuando pressões de figuras como Sérgio Moro e Carlos Fernando.
Garcia enfatizou a necessidade de uma investigação aprofundada sobre as ações da Lava Jato, citando uma tentativa frustrada de denúncia à juíza Gabriela Hardt.
Leia a íntegra do diálogo!
30 Aug 15 23:29:52 Roberson MPF O que acham de denunciarmos a filha do JD por lavagem? 23:30:12 Roberson MPF Acabei de achar comprovante cabal que ela recebeu por fora do MILTON 250 paus 23:30:16 Diogo Que grosso ?? 23:30:16 Orlando SP Dá para arquivar… Tô brincando Diogo 23:30:36 Orlando SP ?????????? 23:30:40 Orlando SP ?????? 23:31:00 Orlando SP Magoei o didi 23:31:12 Orlando SP ?? 23:31:20 Orlando SP Boa noite!!! 23:31:24 Roberson MPF Ceis tao tudo de tpm. 23:31:48 Roberson MPF A camila fez escritura de compra e venda por R$ 500 mil, mas recebeu R$ 750 23:32:16 Roberson MPF MIlton e Luiz Eduardo tb ocultaram nos depos os R$ 250 de brinde 23:32:44 Orlando SP E foi em benefício dela.ouvi-la na condição de investigada fará uma pressão danada 23:32:52 Roberson MPF Detalhe que o imovel que o MIlton comprou dela não valia R$ 500 e tinha clausula de inalienabilidade 23:33:16 Orlando SP Ela foi a beneficiada da lavagem 23:33:36 Roberson MPF Sim, mas com plena consciência. 23:34:00 Roberson MPF O homem vai ficar puto! 23:34:12 Deltan Paus nela 23:34:24 Roberson MPF É casada 23:34:28 Roberson MPF rsrsrs 23:34:40 Roberson MPF Mas a o CF diz que não importa 23:35:32 Deltan Ela ajudou a esconder dinheiro de crime 23:35:36 Deltan Resta discutir se sabia que vinha de criem 23:37:48 Roberson MPF Essa prova do conhecimento específico já será mais complicada. Mas brinde ela sabia que não era. Sabia que o pai era mensaleiro.
31 Aug 15 05:54:39 Deltan Não precisa específico. Genérico ta bom. Embora esse seu argumento corte pros dois lados, acho que dá também