Em uma análise recente sobre o cenário econômico global, observa-se que a Rússia ultrapassou a Alemanha, tornando-se a quinta maior economia do mundo em termos de Paridade do Poder de Compra (PPC), com uma avaliação de 5,3 trilhões de dólares.
Essa constatação vem em meio a um debate contínuo sobre a relevância econômica do país. Apesar de comparações frequentes com o PIB nominal da Itália, economistas argumentam que essa abordagem subestima significativamente a força econômica da Rússia.
O falecido senador norte-americano John McCain uma vez descreveu a Rússia como “posto de gasolina disfarçado de país”. No entanto, a análise do PIB em termos de PPC, que ajusta as diferenças de nível de preços entre países, revela uma perspectiva diferente.
Essa abordagem destaca a robustez da economia russa, que, apesar das sanções ocidentais, mostrou-se notavelmente resiliente, com o FMI projetando um crescimento de 0,7% para este ano.
A discussão também abrange a composição econômica da Rússia, que permanece fortemente orientada para a indústria e manufatura, diferentemente das economias ocidentais que são dominadas pelo setor de serviços. Esta orientação industrial é vista como uma vantagem significativa, especialmente em contextos de conflito armado.
Além disso, a Rússia, avaliada através do Índice Big Mac, demonstra um poder de compra maior do que o sugerido pelo PIB nominal.
O índice ilustra que, na Rússia, o equivalente em rublo a 1 dólar pode comprar mais do que nos EUA. Contudo, críticos argumentam que tanto o PIB quanto o Índice Big Mac falham em capturar a capacidade produtiva de um país, um aspecto crucial em períodos de desglobalização e conflitos geopolíticos.
Jacques Sapir, um pesquisador renomado, destaca que as estatísticas de PIB oferecem uma falsa sensação de segurança ao Ocidente e subestimam o verdadeiro poder econômico da Rússia. Ele enfatiza a importância de considerar os setores produtivos básicos, como a indústria manuf
atureira, a mineração e a agricultura, para uma avaliação mais precisa do poder econômico de uma nação.
Nesse contexto, a Rússia emerge como um ator econômico mais significativo do que muitos percebem. A economia russa é considerada mais forte do que a França e comparável à da Alemanha quando focada na indústria e manufatura.
Além disso, a dependência do Ocidente em relação aos setores de serviços introduz vulnerabilidades críticas em suas cadeias de abastecimento e produção de bens, especialmente em períodos de crise.
A análise de Sapir também aborda a inovação e a capacidade produtiva como fatores cruciais. Enquanto a Rússia continua dependente de tecnologia ocidental, a China se destaca no campo tecnológico, ultrapassando o Ocidente em várias áreas, como tecnologia renovável e indústria manufatureira.
Outro aspecto relevante é a posição da Rússia como um fornecedor chave de matérias-primas essenciais à indústria global.
A nação possui grandes reservas e domina a exportação de produtos vitais como petróleo, gás, grãos e metais, reforçando sua influência nos mercados globais. A interrupção do comércio com a Rússia poderia causar grandes perturbações nos mercados de commodities.
Em suma, a economia russa desafia as percepções tradicionais baseadas apenas em medidas nominais de PIB.
O país demonstra uma combinação de robustez econômica, capacidade industrial significativa e uma posição estratégica no comércio global de matérias-primas, fatores que redefinem sua importância no cenário econômico mundial.
Com informações da BNE Intelinews