A indústria automobilística chinesa, conhecida por seu crescimento acelerado, está no centro das atenções internacionais com uma produção recorde de mais de 5 milhões de carros em 2023, destaca o editorial da revista The Economist, uma das mais respeitadas do mundo.
Este avanço coloca em questão o futuro da desindustrialização nos países ricos, especialmente nos Estados Unidos, onde aproximadamente um milhão de trabalhadores industriais foram afetados pela concorrência chinesa entre 1997 e 2011.
Este fenômeno, apelidado de “choque chinês”, foi associado a diversos impactos sociais e políticos, incluindo o aumento de mortes entre a classe trabalhadora norte-americana e a eleição de Donald Trump.
A proeminência da China no setor automobilístico é evidenciada pela BYD, a maior montadora do país, que ultrapassou a Tesla em vendas de veículos elétricos (EVs) no último trimestre.
A demanda global por EVs, impulsionada pela transição para a descarbonização, sugere um potencial aumento na participação de mercado da China para um terço até 2030. Isso desafia o domínio dos fabricantes ocidentais, especialmente na Europa.
Esta evolução gera preocupações no Ocidente, onde políticos e formuladores de políticas podem atribuir perdas de empregos à concorrência subsidiada pela China.
A China, desde a implementação da sua política “Made in China” em 2014, tem sido acusada de ignorar regras comerciais globais e fornecer subsídios significativos a seus fabricantes de automóveis.
A Comissão Europeia e o presidente Joe Biden dos EUA estão considerando medidas para proteger suas indústrias automobilísticas.
Contudo, especialistas argumentam que restringir o acesso aos carros chineses poderia ser um erro. Os veículos chineses oferecem benefícios econômicos e ambientais significativos, como preços acessíveis e maior eficiência energética.
Além disso, a transformação do mercado automobilístico é inevitável, independentemente do comércio com a China, devido à transição para os EVs e à proibição da UE de vender carros novos com motores de combustão interna a partir de 2035.
A ascensão da indústria automobilística chinesa também estimula a inovação e a competitividade no Ocidente, como foi o caso com os fabricantes japoneses e sul-coreanos nas décadas anteriores.
Além disso, preocupações de segurança nacional relacionadas à dependência de baterias chinesas e à vigilância através de EVs são consideradas gerenciáveis.
Em suma, apesar dos desafios, a crescente influência da indústria automobilística chinesa no mercado global pode oferecer oportunidades significativas para o Ocidente, desde que políticas protecionistas sejam ponderadas e a concorrência seja vista como
um catalisador para a inovação e a eficiência. A colaboração e a competição com a China no setor automobilístico podem acelerar a transição para veículos mais sustentáveis e acessíveis, beneficiando consumidores em todo o mundo.
Enquanto os decisores políticos ocidentais avaliam suas opções, a ascensão da China no mercado automobilístico global permanece como um fator chave na moldagem do futuro da indústria e da economia global.
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