O setor ferroviário brasileiro está otimista com a possibilidade de aumento nos investimentos governamentais.
Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), afirmou ao CB que o clima é propício para o novo plano nacional de ferrovias do Ministério dos Transportes, com expectativas de duplicar a participação do setor até 2035.
“O governo planeja retomar os projetos de ferrovias e aumentar a participação do setor para 40% até 2035”, disse Abate, referindo-se ao anúncio do ministro dos Transportes, Renan Filho.
Abate lamentou a situação atual da malha ferroviária, com 30 mil quilômetros de trilhos, dos quais apenas 10 mil km são plenamente utilizados.
Ele citou projetos como a Ferrovia Oeste-Leste (Fiol), a Nova Ferroeste e a Ferrogrão como peças-chave no plano de expansão.
O plano de expansão inclui a Ferrogrão, uma linha ferroviária de Sinop (MT) a Itaituba (PA), considerada essencial para melhorar a eficiência das exportações brasileiras.
Contudo, o projeto enfrenta desafios ambientais e sociais, como a redução dos limites do Parque Nacional de Guaraxaim e a passagem por reservas indígenas.
Claudio Frischtak, presidente da consultoria InterB, enfatizou a necessidade de investimentos significativos para melhorar a infraestrutura ferroviária brasileira.
Ele apontou que, mesmo com espaço fiscal para investimentos, o setor precisa de apoio privado para uma modernização efetiva.
O ex-presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Figueiredo, revelou que há interesse de fabricantes internacionais na retomada do projeto do trem bala, agora proposto para conectar diretamente o centro de São Paulo ao centro do Rio de Janeiro.
Este projeto, estimado em R$ 50 bilhões, deverá ser totalmente privado e não incluirá a cidade de Campinas, diferentemente do plano original.
Figueiredo também mencionou negociações com fabricantes de países como Espanha, França, Japão, Coréia do Sul e China, e espera obter a licença prévia ambiental até 2025.
O novo projeto prevê uma interligação com a linha 6 do metrô de São Paulo e não passará por aeroportos, mas seguirá paralelo à Via Dutra.