Eleições em Taiwan pode mudar o mundo

REUTERS

Taiwan, uma democracia asiática vizinha de um poderoso vizinho autoritário, está prestes a realizar eleições presidenciais e parlamentares que têm implicações significativas em âmbito internacional.

Os resultados dessas eleições serão acompanhados de perto, especialmente pelos líderes chineses, que há muito reivindicam Taiwan como parte de seu território, embora nunca tenham exercido controle sobre a ilha.

A população taiwanesa, em sua grande maioria, rejeita a ideia de ser governada pela China, cujo líder, Xi Jinping, consolidou seu poder interno enquanto adota uma postura mais agressiva em relação aos vizinhos.

As eleições também têm implicações nas tensas relações entre China e Estados Unidos, este último sendo um importante apoiador e fornecedor de armas para Taiwan.

Candidatos em Disputa

Três candidatos concorrem à presidência, uma vez que a atual presidente, Tsai Ing-wen, que está no cargo há oito anos, não pode se reeleger devido ao limite de mandatos.

O favorito na disputa é Lai Ching-te, atual vice-presidente do Partido Democrático Progressista (DPP), que defende a soberania de Taiwan e uma identidade separada da China.

Embora anteriormente tenha se descrito como um “trabalhador prático para a independência de Taiwan”, Lai moderou sua posição durante a campanha, comprometendo-se a manter o “status quo” e a buscar o diálogo com Pequim sob princípios de igualdade e dignidade.

Seu principal adversário é Hou Yu-ih, ex-policial e popular prefeito da cidade de Nova Taipei, do Kuomintang (KMT), principal partido de oposição em Taiwan, que tradicionalmente busca laços mais estreitos com a China.

Hou enfatiza a importância de manter relações pacíficas com a China, mantendo o diálogo aberto e fortalecendo laços econômicos e sociais, ao mesmo tempo em que promete reforçar a defesa de Taiwan.

O terceiro candidato, Ko Wen-je, do Partido Popular de Taiwan (TPP), fundado em 2019, é um político carismático que se autodenomina um estranho na política.

Ele foca em questões básicas e é popular entre os eleitores mais jovens. Em relação à China, Ko defende um “caminho do meio” entre as posições do DPP e do KMT.

As Implicações com a China

A China, que há muito tempo busca persuadir Taiwan a se submeter a seu plano de “reunificação”, adotou uma abordagem cada vez mais rígida sob o governo de Xi Jinping.

Isso incluiu o corte de comunicações com Taipei, o roubo de aliados diplomáticos de Taiwan, o aumento da pressão militar e campanhas de desinformação nas redes sociais.

Menos de 3% dos taiwaneses se identificam como chineses, e menos de 10% apoiam uma unificação imediata ou futura.

Antes das eleições, a China intensificou a pressão militar, enviando caças, drones e navios de guerra próximos ao espaço aéreo e águas de Taiwan. Pequim também lançou balões sobre a ilha como parte de uma “guerra psicológica”.

Embora uma invasão iminente seja improvável, Pequim tem várias maneiras de demonstrar seu descontentamento.

Relações com os EUA

Os Estados Unidos mantêm laços não oficiais com Taiwan desde 1979, quando cortaram relações formais e reconheceram Pequim como a única China.

No entanto, os EUA têm a obrigação legal de fornecer a Taiwan meios para sua defesa. O presidente Joe Biden aumentou o apoio e as vendas de armas a Taiwan, o que irritou Pequim.

Biden afirmou que os EUA defenderiam Taiwan em caso de ataque chinês, sinalizando uma possível mudança na política de “ambiguidade estratégica” dos EUA em relação a Taiwan.

Essa eleição em Taiwan ocorre em meio aos esforços dos EUA para estabilizar as tensões com a China e evitar um confronto direto. Ela também será observada de perto pelos líderes taiwaneses e pela comunidade internacional em um contexto global já tenso, com conflitos em outras regiões do mundo.

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