Tanto mercado como o governo esperavam que o déficit primário do governo federal terminar o ano em mais de R$ 200 bilhões (no acumulado de 12 meses).
Não seria o fim do mundo, já que chegamos a mais de R$ 900 bilhões/acumulado 12 meses em 2020, ano da pandemia, e desde então este déficit vem baixando sensivelmente.
Em 2016, também tivemos momentos em que o déficit primário passou de R$ 250 bilhões.
Em novembro de 2023, todavia, o déficit primário acumulado em 12 meses baixou para R$ 130 bilhões, e o governo agora prevê que o ano calendário encerrá com um número ainda mais confortável, em torno de R$ 125 bilhões, ou 1,2% do PIB.
Em 2020, o déficit primário ficou em quase 10% do PIB.
Para 2024, a expectativa é que esse déficit primário, que representa tudo que o governo arrecada menos o que gasta, deverá cair ainda mais.
O tão almejado déficit zero, segundo economistas, deve ficar para 2025, a menos que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tirar da cartola alguma medida extraordinária de arrecadação, ou se a economia produtiva surpreender.
O mercado, de qualquer forma, está otimista.
O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em entrevista recente ao Poder 360, comentou que o déficit primário, ultrapassando R$ 140 bilhões em 2023, estava “mais ou menos na conta”, ressaltando que diversas despesas foram incluídas na PEC da transição de 2022. Ele considera que o déficit “não é o ideal”, mas afirma que está longe de ser uma situação catastrófica.
Paulo Gala menciona que o governo tem procurado novas fontes de receita e tem feito progressos na agenda de arrecadação. Apesar das projeções de analistas do mercado financeiro que apontam para um déficit em 2024, ele se mostra otimista quanto ao cenário das contas públicas. A meta do governo é eliminar o déficit no resultado primário neste ano.
“É bastante possível enxergar um resultado primário equilibrado a partir de 2025 e 2026, principalmente se a economia voltar a crescer. Nada contribui mais para o resultado fiscal do que o crescimento econômico. Se a gente, de fato, conseguir crescer 2% ou 3% a partir do ano que vem (2024) é perfeitamente possível imaginar um déficit primário zero a partir de 2025”, declarou Gala.
Ele também comentou sobre o marco fiscal sancionado no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmando que ele “endereça” os ajustes no lado dos gastos ao impor um limite ao aumento das despesas, contribuindo para a redução das expectativas dos juros futuros.
“Zerar o déficit [primário] será muito difícil, mas eu acho que, se tivermos um déficit de 0,5% ou até 1% do PIB [em 2024], o que seria algo como R$ 50 bilhões a R$ 100 bilhões não é algo grave se comparado ao cenário internacional. É importante dizer que o Brasil tem, apesar dos pesares, uma das melhores situações de contas públicas do mundo. Quando se compara com outros países, o resultado primário brasileiro ainda está bastante razoável. Basta lembrar que na pandemia a gente teve um déficit de quase R$ 900 bilhões em 2020 […] A gente teve vários anos com déficit de R$ 150 bilhões”, completou.