Milei recebe choque de realidade do mercado argentino; Dólar dispara e inflação explode

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Os mercados argentinos, inicialmente impulsionados pela posse do presidente Javier Milei há um mês, estão agora enfrentando uma realidade mais desafiadora.

Após um breve período de otimismo, os preços dos títulos do país estão em queda, o peso argentino enfraquece novamente, e há uma crescente cautela dos investidores em relação aos novos leilões de dívida governamentais.

Este recente revés dos investidores destaca as dificuldades que Milei enfrenta em sua gestão. Entre os principais desafios estão o controle da inflação, que ronda os 200%, a prevenção de agitações sociais, a reconstrução das reservas financeiras do país, e a renegociação de um acordo de 44 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Além dos desafios econômicos, Milei também encontra resistência política. No Congresso, onde sua coalizão libertária não possui maioria, enfrenta oposição ao seu projeto de reforma “omnibus”, que busca a privatização de entidades estatais e o aumento de impostos. Um decreto que visa a desregulamentação da economia também encontrou barreiras legais.

Marcelo Rojas, analista financeiro local, comenta: “A realidade está batendo na cara dele. Suas intenções são boas, mas isso não é suficiente e é isso que estamos começando a ver.”

Os títulos soberanos da Argentina, que haviam experimentado uma valorização significativa desde a eleição de Milei, começaram a cair. Um índice de risco do país atingiu o maior nível em sete semanas, e um título específico destinado a importadores não encontrou compradores.

A disparidade entre a taxa de câmbio oficial e as taxas paralelas do peso argentino frente ao dólar também está aumentando, uma preocupação que tinha sido temporariamente aliviada após uma desvalorização significativa em dezembro.

A corretora Cohen destacou em uma nota: “O governo está começando a enfrentar seus primeiros obstáculos. Sua falta de força política está agora mais evidente: o bônus para os importadores não conseguiu decolar e a diferença cambial aumentou novamente mais cedo do que o esperado.”

Apesar desses desafios, o banco central argentino acumulou quase 4 bilhões de dólares em reservas de moeda estrangeira desde que Milei assumiu o cargo. Além disso, o índice de ações local S&P Merval continua em alta, impulsionado em parte pela estatal petrolífera YPF, que se beneficia das discussões sobre privatização.

Com a economia argentina sob intensa observação, a inflação é uma preocupação central, tendo possivelmente atingido quase 30% em dezembro e ultrapassado 200% no ano passado.

A pobreza afeta dois quintos da população do país.

A Argentina, um dos principais exportadores de grãos do mundo, também está empenhada em revitalizar seu acordo com o FMI, com negociações recentes em Buenos Aires visando desbloquear a sétima revisão do programa e aproximadamente 3,3 bilhões de dólares em fundos.

Aldo Abram, economista da Fundação Libertad y Progreso, ressaltou a Reuters que as perspectivas de mercado dependem muito do sucesso ou fracasso das reformas de Milei.

“Todas as notícias que possam desacelerar o progresso do governo criarão uma queda ainda maior na demanda por pesos, colocando-nos mais perto da hiperinflação”, disse Abram.

“Por outro lado, tudo o que levar à confirmação da mudança de rumo incentivará a preferência por ativos locais, afastando-nos da crise”, completou.

Com informações da Reuters

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