Foi a soja, estúpido.
A frase de James Carville, estrategista da campanha de Bill Clinton em 1992, virou um meme que podemos adaptar, com um pouco de humor, a muitas situações.
No caso das exportações brasileiras de 2023, que bateram um recorde histórico ao atingirem US$ 340 bilhões de dólares, a brincadeira que faço se explica porque foi a soja, de fato, que fez a diferença.
As exportações de petróleo foram altas no ano passado, gerando US$ 54,5 bilhões, mas ainda sim menores, em 3%, que as de 2022, que estas sim foram recorde.
As vendas de ferro também tiveram um ótimo desempenho em 2023, com receita de US$ 38,3 bilhões, aumento de 5,6% sobre o ano anterior. Mas não foi um recorde, porque em 2021 elas tinham chegado a US$ 52,6 bilhões.
As exportações de carne não foram ruins. O Brasil exportou US$ 23,2 bilhões em carnes em 2023, queda de 8% sobre o ano anterior, e mesmo assim o segundo maior número da história.
Já as exportações de soja cresceram 15% e atingiram US$ 54 bilhões, um recorde impressionante.
Aparentemente, o agronegócio brasileiro está se beneficiando com a briga entre EUA e China. Conforme as duas potências aplicam sanções um ao outro, isso obriga a China a buscar fornecedores de alimentos com quem tenha uma relação mais estável. Com isso, a China tem preferido comprar menos milho, soja, cereais e carnes dos EUA e buscado outras fontes, o Brasil em primeiro lugar.
A participação chinesa nas exportações brasileiras voltou a crescer em 2023. O gráfico abaixo, com o histórico desde 1997, mostra o deslocamento de EUA e Alemanha, que antes compravam bem mais do que a China, para um cada vez mais distantes segundo e terceiro lugar.
Do lado das importações, o Brasil ainda gasta bilhões de dólares com a importação de diesel. Em 2023, os gastos totalizaram US$ 9,68 bilhões. É de longe o produto que mais pesa em nossa balança comercial. Para efeito de comparação, as importações de computador e celular no ano passado, somadas, foram um pouco menor que US$ 4 bilhões (2 bilhões para cada grupo).
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