O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), entrou em contato por telefone com figuras influentes da Igreja na cidade, o padre Júlio Lancellotti e o cardeal arcebispo metropolitano de São Paulo, d. Odilo Scherer.
O objetivo das conversas, realizadas na quarta, 3, e quinta-feira, 4, era abordar preocupações sobre a possível instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de São Paulo.
A CPI, proposta pelo vereador Rubinho Nunes (União), visa investigar organizações não governamentais atuando na região da Cracolândia, no centro de São Paulo. O foco é examinar a eficácia e a adequação das atividades desempenhadas por estas entidades.
Padre Júlio Lancellotti, conhecido por seu trabalho com a população em situação de rua, é citado como um dos alvos potenciais desta investigação.
O prefeito Ricardo Nunes, que soube da proposta da CPI através da imprensa na quarta-feira, fez questão de contactar pessoalmente o padre Júlio e d. Odilo para tranquilizá-los e em relação as preocupações levantadas pela iniciativa do vereado bolsonarista.
Além disso, foi acordado um encontro entre o prefeito Nunes e o padre Júlio, previsto para acontecer na próxima semana, simbolizando apoio ao trabalho do religioso.
Em resposta à situação, a arquidiocese de São Paulo emitiu uma nota expressando sua “perplexidade” diante do pedido de CPI, com d. Odilo Scherer classificando a hipótese de investigação como um “absurdo”.
A solidariedade ao padre Júlio também veio de parlamentares de diversos partidos políticos, com bancadas do PT e do PSOL manifestando oposição à instalação da CPI.
A discussão sobre a CPI só deverá ser retomada após o recesso parlamentar, em fevereiro, conforme indicação do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União).
Enquanto isso, a ONG alvo, Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar), parceira chave da prefeitura no apoio à população em situação de rua, também está sob escrutínio.
O vereador Rubinho Nunes critica a ONG, insinuando a existência de uma “máfia que explora a miséria no centro” da cidade. Apesar de compartilharem o mesmo sobrenome, esclarece-se que o prefeito e o vereador não possuem relação de parentesco.
Com informações da CNN Brasil