FUP cobra da Petrobrás investigação interna sobre venda lesiva da Rlam

DIVULGAÇÃO

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) encaminhou nesta sexta-feira, 5, ofício ao presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, com três principais reivindicações:

  1. A realização imediata de investigação interna sobre eventuais irregularidades, conflitos de interesse e parâmetros adequados de avaliação na venda da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, para o fundo árabe  Mubadala , ocorrida em novembro de 2021;
  2. A participação de representante da FUP nesta comissão de investigação visando garantir o direito de informação e participação dos trabalhadores da Petrobrás em assunto de extrema importância;
  3. O afastamento preventivo dos gerentes que estavam envolvidos no processo de venda da RLAM, a fim de manter a integridade de dados, informações e investigação.

O documento enviado pela FUP à gestão da Petrobrás tem como base o posicionamento da Controladoria Geral da União (CGU), amplamente noticiado em 04/01/2024, segundo o qual  a Rlam foi vendida  por um preço abaixo do mercado.

A FUP, por meio de sua representação jurídica, vai ainda entrar com ação judicial a fim de que os responsáveis pela venda da refinaria sejam punidos,  que a Petrobrás possa se ressarcir de seus prejuízos, e que a Rlam possa voltar ao controle da Petrobrás. 

Para isso, a Advocacia Garcez, que representa a FUP neste caso, está analisando o parecer da CGU, que contém mais de 200 páginas. 

Rebatizada de Refinaria de Mataripe, o cluster  (refinaria e seus ativos logísticos) foi vendido por US $ 1,65 bilhão (aproximadamente 8 bilhões pelo câmbio atual) ao fundo Mubadala Capital, divisão de investimentos da Mubadala Investment Company, empresa de investimentos de Abu Dhabi. 

Como afirmado pela FUP à época, a venda da Refinaria durante a pandemia, em um momento de calamidade global e com baixa do preço do petróleo, reduziu de forma artificial o valor da refinaria, apontado no documento da CGU. Como afirma a CGU, a venda poderia ter esperado a recuperação do petróleo no mercado internacional. 

A venda, afirma a CGU, foi feita em um cenário de ‘tempestade perfeita’ com combinação de incerteza econômica com alta afetação no valuation da venda, com a combinação de incerteza econômica e volatilidade trazida pela pandemia, premissas pessimistas para o crescimento da economia no fim de 2021 e alta sensibilidade das margens de lucro,  que resultou em maior perda de valor. 

A CGU também citou fragilidades no processo de venda e sugeriu que, em situações de incerteza, duas opções poderiam ter sido consideradas: aguardar a estabilização do cenário futuro ou fazer uma avaliação única, ajustando premissas operacionais e de preços. 

“À época da venda da RLAM, a FUP recorreu ao Tribunal de Contas da União (TCU)  e ao Poder Judiciário buscando alertar que o preço da refinaria estava abaixo do mercado. Segundo análise do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (INEEP), a venda da RLAM foi feita pela metade do preço. Pelos os cálculos do Instituto, a RLAM estaria avaliada entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões”, lembra o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

O relatório da CGU não surpreende a FUP que sempre apontou irregularidades e ilegalidades na venda da RLAM. Ainda em 2021, a FUP registrou denúncia junto à própria CGU sobre o valor de venda da RLAM. 

Entretanto, o relatório é um passo importante para que a Petrobrás caminhe no sentido de apurar responsabilidades e corrigir inconsistências neste relevante negócio. 

“Diante de todo cenário, que se torna público e notório, é urgente e necessário que a Petrobrás se antecipe aos fatos a fim de proteger a companhia, seus interesses e rever negócios que lhe foram lesivos, inclusive cobrando reparações”, destaca Bacelar.

Abaixo a íntegra do ofício da FUP a Petrobrás:

DNE-2024.docx

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