Ataque contra o líder da oposição da Coreia do Sul mostra “intensificação da polarização política”

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O líder da oposição da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, é levado às pressas para o hospital após ser esfaqueado no pescoço durante uma visita à cidade portuária de Busan, no sudeste, em 2 de janeiro de 2024.

Publicado em 02/01/2024 – 22h40

Por Yang Sheng – Global Times

GT — O líder da oposição da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, foi agredido fisicamente na terça-feira, o segundo dia de 2024, com analistas chineses a afirmarem que, embora mais detalhes ainda não tenham sido divulgados, o caso mostra que a polarização política dentro do país está se intensificando ainda mais.

Devido ao agravamento da situação econômica que prejudicou gravemente a subsistência do povo coreano, bem como ao fracasso da candidatura à Expo Mundial em Busan, o Presidente Yoon Suk-Yeol e o seu partido enfrentarão desafios nas eleições legislativas que estão programadas para serem realizadas em abril.

Lee foi esfaqueado no pescoço durante uma visita à cidade portuária de Busan, no sudeste, na terça-feira, e foi transportado de avião para Seul para uma cirurgia em meio a temores de sangramento adicional, embora o ferimento não seja fatal, informou a agência de notícias Yonhap.

Lee, presidente do principal partido de oposição, o Partido Democrático da Coreia (DPK), foi esfaqueado no lado esquerdo do pescoço por um homem de 60 anos usando uma coroa de papel se passando por um buscador de autógrafos, depois que Lee visitou a construção de um novo aeroporto na Ilha Gadeok.

O suspeito foi preso no local e levado pela polícia, que o identificou como um homem nascido em 1957 e de sobrenome Kim. Ele usou uma faca de 18 centímetros comprada online para o ataque, disse a polícia.

A Agência de Polícia Metropolitana de Busan disse que planeja acusar Kim de tentativa de homicídio, já que ele confessou ter a intenção de matar Lee, informou a Yonhap.

A motivação do suspeito permanece desconhecida, mas é provável que tenha sido motivado por razões políticas, disseram especialistas chineses.

“Este incidente pode refletir o ódio contra Lee entre as forças conservadoras. Na atual situação política sul-coreana, as relações entre os partidos no poder e a oposição, bem como os conflitos entre as diferentes forças dentro de cada partido político, são muito intensos e polarizados”, disse Zhan Debin, diretor e professor do Centro de Estudos da Península Coreana da Universidade de Negócios e Economia Internacionais de Xangai, ao Global Times na terça-feira.

Analistas disseram que Lee, como vítima deste ataque, provavelmente ganhará apoio e simpatia entre o povo sul-coreano. Isso mostra que os rivais de Lee não têm confiança ou são incapazes de derrotá-lo por meio de abordagens apropriadas e legais, por isso estão tentando acabar com a carreira política de Lee por meio de ataques extremos, disseram especialistas.

Han Xiandong, especialista em questões da Península Coreana na Universidade Chinesa de Ciência Política e Direito, disse ao Global Times na terça-feira que “o incidente reflete que o sistema político democrático da Coreia do Sul ainda é imaturo, já que o povo e as forças políticas expressam frequentemente as suas opiniões através de medidas extremas, como assassinato.”

A Coreia do Sul está programada para realizar eleições legislativas em abril. Todos os partidos e políticos vão competir pela aprovação dos eleitores, ao mesmo tempo que destacam os erros e transferem a culpa para os seus adversários. Em suma, o conflito partidário na Coreia do Sul, especialmente aquele entre o Partido do Poder Popular (PPP), no poder, e a oposição DPK, só se tornará cada vez mais intenso à medida que as eleições se aproximam, afirmam os analistas.

O DPK condenou o ataque a Lee, categorizando-o como “um ato de terror e uma ameaça à democracia”. O chefe da polícia da Coreia do Sul e os promotores anunciaram a formação de uma equipe especial em Busan para conduzir uma investigação completa e rápida sobre o ataque.

Quando o resultado da investigação for divulgado, certamente trará um enorme impacto para as próximas eleições legislativas em abril, observou Zhan. Perante desafios como a crise do custo de vida, a candidatura falha à Expo Mundial e as tensões com a Coreia do Norte, quer o partido no poder, PPP, ganhe o “exame intercalar” ou a oposição, o DPK, continue a deter a maioria dos assentos, a Assembleia Nacional determinará o futuro da administração Yoon e até mesmo a formulação de políticas da Coreia do Sul em termos de assuntos internos e externos, disse Zhan.

Cláudia Beatriz:
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