No rescaldo da polêmica entrevista do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na qual criticou o Partido dos Trabalhadores e reivindicou maior reconhecimento pelo desempenho econômico, o jornal O Globo publicou um editorial que enfatiza suas realizações e, ao mesmo tempo, exorta a necessidade de maior responsabilidade fiscal.
O editorial afirma: “Em 2023, Haddad contribuiu para um debate econômico lógico, um feito notável, considerando o histórico das gestões petistas. Demonstrou sabedoria ao evitar ataques infrutíferos à taxa de juros, proferidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o Banco Central. Superou a resistência dentro de seu próprio partido e conquistou o apoio das lideranças do Congresso para aprovar projetos cruciais para sua gestão. Os resultados são evidentes nos indicadores: o dólar em queda, a inflação sob controle, uma recuperação na renda e um crescimento acima das expectativas no início do ano. São sucessos incontestáveis.”
No entanto, o mesmo editorial levanta a questão da austeridade fiscal, destacando que a mera ênfase no aumento da receita tributária não é suficiente.
“Aumentar a arrecadação equivale, na prática, a elevar uma das maiores cargas tributárias do mundo. No Brasil, as receitas fiscais representam 34% do PIB, em contraste com o México, onde representam apenas 17%. Em países com cargas tributárias comparáveis às nossas, os serviços públicos são significativamente melhores”, argumenta o editorial.
A publicação continua, enfatizando que a priorização da arrecadação em detrimento dos cortes de gastos pode inflar ainda mais um Estado já pesado, caro e ineficaz, sufocando o setor privado com impostos adicionais.
Isso, por sua vez, limita o capital disponível para investimentos, prejudicando a capacidade de geração de riqueza e emprego no país. “Isso definitivamente não é o que o país precisa”, conclui o editorial.
O editorial finaliza ressaltando que, embora Haddad tenha obtido um desempenho melhor do que o esperado em seu primeiro ano à frente da Fazenda, ele precisará apresentar um programa consistente para controlar as despesas se quiser manter essa performance e continuar contando com o apoio do ex-presidente Lula.
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