BRICS inicia 2024 com novos membros e mudanças na presidência e foco na desdolarização

RICARDO STUCKERT/PR

O ano de 2024 começou com grande expectativa no âmbito do BRICS, à medida que o grupo, agora composto por cinco novos membros, vê a Rússia assumir a presidência por um ano.

Uma das principais metas do BRICS é a viabilização de sistemas alternativos de pagamentos para transações internacionais, com ênfase na utilização de moedas que não sejam o dólar.

Em uma surpreendente reviravolta que chamou a atenção do mundo ocidental, o BRICS anunciou, em agosto do ano passado, a expansão do grupo com a adesão de seis novos membros a partir deste ano: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Etiópia e Egito.

No entanto, o presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou em dezembro passado a renúncia do país à adesão. Ainda assim, os números impressionam: o grupo agora representa 42% da produção mundial de petróleo e 55% das reservas de gás natural.

Todo esse poderio reflete o potencial do BRICS para liderar um movimento cujo objetivo é reduzir a dependência do dólar nas transações internacionais, uma realidade que já está se tornando mais concreta com acordos bilaterais, como os firmados entre Rússia e China, usando o yuan e o rublo, bem como entre Brasil e China, utilizando suas respectivas moedas. A criação de sistemas de pagamento alternativos é um dos principais objetivos da presidência russa, que se inicia neste 1º de janeiro.

Em uma entrevista na semana passada, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, destacou que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é um dos principais impulsionadores da desdolarização.

Ao longo do ano, os bancos centrais e os ministérios da Fazenda dos países membros apresentarão recomendações de sistemas alternativos, que serão discutidos na próxima cúpula de líderes do BRICS, prevista para ocorrer em Kazan, Rússia.

Além disso, o presidente russo, Vladimir Putin, enfatizou que outra prioridade do grupo é apoiar a construção de uma ordem mundial mais justa, baseada em regras estabelecidas em documentos fundamentais, como a Carta das Nações Unidas.

Essa iniciativa reflete a busca por autonomia econômica e política, em um momento em que o controle do mercado financeiro global pelos Estados Unidos tem causado desestabilizações internas e reduzido a independência dos países em relação às suas políticas econômicas.

A desdolarização tem sido impulsionada por acordos bilaterais que permitem a aceitação mútua de moedas nacionais, como o rublo e o yuan, entre Rússia e China, bem como o comércio entre brasileiros e chineses em suas respectivas moedas. Esses acordos visam reduzir a dependência do dólar e aumentar a independência política e econômica dos países.

O sistema SWIFT, que foi estabelecido após a Segunda Guerra Mundial para facilitar as transações internacionais, tem sido uma ferramenta de controle do comércio internacional pelos Estados Unidos.

A crescente desconfiança em relação ao dólar como uma moeda neutra e despolitizada, especialmente após o confisco das reservas internacionais russas, tem incentivado a busca por alternativas.

A presidência russa no BRICS em 2024 deve acelerar ainda mais o processo de desdolarização, consolidando o uso de moedas nacionais em investimentos, créditos e sistemas de pagamento.

Embora a criação de uma moeda única no grupo para transações comerciais não seja provável para este ano, devido à complexidade do tema, outras questões igualmente importantes estão em discussão.

O BRICS está se tornando um protagonista importante na busca por um sistema financeiro internacional mais equitativo e independente do dólar.

Com informações da Sputnik

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