Vem aí a superfederação de 151 deputados entre PP, Republicanos e União Brasil

Celso Sabino e Arthur Lira (centro) e mais Luciano Bivar (à esq) e Antônio Rueda: PP e UB dialogam sobre a federação. Foto: Arquivo UB

Possível união entre partidos do Centrão pode criar as maiores bancadas na Câmara e no Senado

Após fortalecerem sua presença no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, partidos do Centrão, como PP, Republicanos e União Brasil, estão em negociações para formar uma superfederação. Se concretizada, essa união resultaria em um grupo com 151 deputados e 17 senadores, tornando-se as maiores bancadas tanto na Câmara quanto no Senado. Essa mudança pode alterar significativamente a correlação de forças no Legislativo.

Atualmente, individualmente, os partidos do Centrão não representam as maiores bancadas. União Brasil possui 59 deputados, PP tem 50 e Republicanos, 42. As legendas que hoje lideram as discussões políticas, PL e PT, estão à frente com 95 e 68 deputados, respectivamente.

Ter a maior bancada é crucial para ter preferência na divisão do comando de comissões legislativas. Um bloco unido aumentaria as chances de eleger os sucessores de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara e de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado.

Nova Liderança no União Brasil

As negociações para a superfederação devem avançar a partir de março, com a mudança de comando no União Brasil. Antonio Rueda, atual vice da legenda, é o nome de consenso para suceder Luciano Bivar na presidência do partido. Rueda é um dos principais defensores da união das legendas e já expressou a aliados que a federação será uma de suas prioridades como presidente.

Disputas regionais entre as três legendas precisarão ser solucionadas, mas há expectativa de que um consenso entre Rueda, Ciro Nogueira do PP e Marcos Pereira do Republicanos viabilize o acordo.

PP e Republicanos na Negociação

Ciro Nogueira, líder do PP, mostrou-se otimista quanto à formação da federação. Em entrevista ao GLOBO, ele afirmou que a união tem “grande chance” de acontecer. Anteriormente, houve discussões sobre a fusão do PP com o União Brasil, mas as conversas foram interrompidas por Bivar, que então buscava apoio do PT.

A disputa pela presidência da Câmara em 2025 pode ser um desafio para o acordo, com Pereira e o líder do União, Elmar Nascimento (BA), ambos visando a cadeira de Lira.

Sucessão e Estratégia Política

Dentro do União Brasil, há uma demanda para que o partido defina claramente sua posição em relação a Lula. Apesar disso, não se espera uma guinada para a oposição após a mudança de comando. A legenda pretende manter a candidatura de Elmar para a presidência da Câmara e apoiar Davi Alcolumbre (União-AP) para o Senado após 2025.

As federações, implementadas em 2022, surgiram como uma resposta à cláusula de barreira e exigem que as siglas atuem como uma única por pelo menos quatro anos. A união entre União Brasil, PP e Republicanos visaria fortalecer a negociação por espaços no governo e no Congresso. As três legendas já controlam cinco ministérios do governo Lula, mas também têm agido contra o Executivo em algumas votações e abrigam nomes ligados a Jair Bolsonaro.

Desafios e Perspectivas

A união das três legendas fortaleceria o poder de negociação e preferência na divisão do comando de comissões. Porém, União Brasil e Republicanos, com candidatos à sucessão de Lira, teriam que entrar em acordo. Além disso, os partidos precisarão resolver conflitos regionais antes das eleições municipais de 2024.

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