Uma vez à beira do precipício devido às restrições comerciais, a fabricante chinesa de telefones diz que a sua receita para este ano está a aproximar-se dos 100 mil milhões de dólares.
Por Sareena Dayaram
29 de dezembro de 2023,
Cnet — A Huawei diz que está “de volta ao caminho certo” depois de a sua receita se ter aproximado dos 100 mil milhões de dólares no ano, apesar das contínuas sanções dos EUA à fabricante chinesa de telefones.
As vendas aumentaram para mais de 700 bilhões de yuans (US$ 98,7 bilhões) em 2023, disse a empresa na sexta-feira, representando um crescimento de 9% em relação aos US$ 642 bilhões de yuans (US$ 92,4 bilhões) relatados em 2022. Isso graças ao que a Huawei diz ser suas informações “sólidas” e negócio de infraestrutura de tecnologia de comunicação, bem como desempenho melhor que o esperado de seu negócio de dispositivos, que inclui smartphones.
Os últimos ganhos da Huawei ocorrem num momento em que a empresa continua a enfrentar as sanções dos EUA, que já duram anos, e que visam restringir o seu acesso à tecnologia americana, especialmente aos chips de última geração. Em agosto deste ano, a Huawei lançou o seu primeiro smartphone 5G, representando um avanço na produção de chips para Pequim, que anteriormente dependia de componentes dos EUA para tais dispositivos.
“Depois de anos de trabalho árduo, conseguimos resistir à tempestade. E agora estamos praticamente de volta ao caminho certo”, disse Ken Hu, um dos presidentes rotativos da Huawei, numa mensagem de fim de ano aos funcionários. “Temos de estar conscientes de que as mudanças no ambiente de negócios não são causadas apenas por conflitos geopolíticos, mas também por ciclos económicos globais flutuantes.”
Desempenho dos smartphones da Huawei
A Huawei disse na sexta-feira que seu negócio de dispositivos superou as expectativas para 2023. Ela planeja “dobrar” o negócio para 2024.
Em agosto, a Huawei anunciou o smartphone Mate 60 Pro, equipado com um chip fabricado na China que as sanções dos EUA foram concebidas para impedir. O aparelho chocou especialistas da indústria que ficaram perplexos com a forma como a Huawei poderia produzir um smartphone avançado completo com suporte 5G sem os principais componentes americanos. O telefone indicava que a Huawei e a tecnologia chinesa atingiram um novo grau de autossuficiência.
O Mate 60 Pro ajudou a Huawei a alcançar o primeiro lugar entre as marcas móveis chinesas e também a recuperar participação de mercado de empresas como a Apple. De acordo com a Counterpoint Research , a Huawei recuperou participação de mercado em 2023, passando de 10% no primeiro trimestre para 14% no terceiro trimestre. A participação de mercado da Apple na China caiu de 20% para 15% durante o mesmo período.
“O trabalho árduo permitiu-nos sobreviver e crescer, mas ainda temos sérios desafios pela frente”, prosseguiu Hu na sua mensagem de final de ano. “Abundam as incertezas geopolíticas e económicas, enquanto as restrições tecnológicas e as barreiras comerciais continuam a ter um impacto no mundo.”
Em dezembro, a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, disse que Washington tomará as ações “mais fortes possíveis” para proteger a segurança nacional em resposta ao avanço da China na fabricação de chips.
A Huawei já esteve entre as principais empresas de smartphones do mundo, rivalizando com a Apple e a Samsung. No entanto, as vendas de telefones caíram drasticamente depois que a administração Trump impôs uma série de sanções à gigante chinesa das telecomunicações a partir de 2019. Em 2020, Washington cortou o fornecimento global de chips da Huawei em uma rodada ampliada de sanções que efetivamente proibiu empresas globais que usam tecnologia americana ou equipamentos de fazer negócios com a Huawei.
Como resultado, a Huawei foi relegada a produzir principalmente telefones 4G ou a depender de um fornecimento limitado de chips 5G armazenados. Antes do Mate 60, o último chipset 5G que a Huawei desenvolveu internamente foi o Kirin 9000 5G, que alimentou o Mate 40 Pro de 2020 .