O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, fechou o ano com uma valorização acumulada superior a 20%, marcando o melhor desempenho desde 2019. Esse avanço foi impulsionado principalmente pelo alívio nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, uma reação à percepção de que o Federal Reserve pode encerrar o ciclo de aperto monetário e reduzir as taxas de juros em 2024.
No cenário nacional, o Banco Central do Brasil iniciou, no segundo semestre, um ciclo de cortes na taxa Selic, com expectativas de continuação no próximo ano, diante de uma inflação em desaceleração.
Além disso, importantes medidas econômicas foram adotadas, incluindo a aprovação de uma reforma tributária e um novo arcabouço fiscal pelo Congresso Nacional. O Produto Interno Bruto (PIB) do país também apresentou um crescimento acima do esperado em 2023.
Na última sessão do ano, o Ibovespa registrou uma variação negativa marginal de 0,01%, fechando a 134.185,24 pontos. A máxima histórica para o fechamento foi mantida em 134.193,72 pontos, alcançada na sessão anterior.
Bruna Centeno, sócia e especialista da Blue3 Investimentos, analisou que a bolsa operou com menor liquidez e um movimento lateral, influenciada por declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo IPCA-15 de dezembro, que indicou uma aceleração, mas dentro do limite da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O volume financeiro totalizou 17,2 bilhões de reais na sessão, abaixo da média diária do mês e do ano.
Em termos de desempenho semanal, o Ibovespa avançou 1,08%, e em dezembro, acumulou um ganho de 5,38%. No quarto trimestre, a alta foi de 15,12% e, no acumulado do ano, de 22,28%. Para comparação, em 2019, o índice teve uma valorização de 31,58%.
Ricardo Campos, diretor de investimentos da Reach Capital, destacou a superação de incertezas predominantes nos primeiros meses do ano, enquanto o novo governo buscava medidas para enfrentar os desafios das contas públicas. Ele também ressaltou o forte desempenho da balança comercial brasileira, a redução na taxa de desemprego, o crescimento da economia e a desaceleração da inflação.
Campos observou ainda que, nos Estados Unidos, houve uma gestão eficaz da inflação, evitando uma recessão profunda e um aumento significativo no desemprego. O mercado agora debate se as reduções nas taxas de juros americanas começarão no primeiro ou segundo semestre de 2024.
Em relação ao mercado acionário brasileiro, apesar da ultrapassagem dos 130 mil pontos pelo Ibovespa, Campos observou que ainda não há alocações significativas de fundos multimercados ou de investidores individuais, com muitos ainda preferindo investimentos em renda fixa devido às taxas de juros elevadas no Brasil. O interesse de investidores estrangeiros na bolsa paulista, no entanto, vem crescendo, com entradas líquidas substanciais registradas em 2023.
A análise técnica do Itaú BBA sugere um cenário otimista para o início do próximo ano, com projeções de que o Ibovespa possa alcançar 137 mil e 150 mil pontos em 2024. Para o próximo ano, o índice contará com 87 ativos de 84 empresas, incluindo a entrada das preferenciais da ISA Cteep.
Em termos de desempenho individual das ações, destaca-se a valorização de empresas como Vale ON, Petrobras PN, Itaú Unibanco PN, Petrobras ON e Bradesco BN, com ganhos significativos em 2023. Por outro lado, algumas ações, como Casas Bahia ON e Minerva ON, apresentaram quedas no mesmo período.
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