Documentos recentemente divulgados pela CNN revelam uma série de comunicações entre a juíza Gabriela Hardt, então titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, e membros do Ministério Público Federal (MPF) de Curitiba, relacionados a ações penais durante o período de férias da magistrada.
Segundo as mensagens, que fazem parte do acervo da extinta operação Lava Jato, procuradores ofereceram a possibilidade de antecipar minutas de denúncias para a apreciação da juíza Hardt antes de serem formalmente apresentadas.
Esta interação sugere uma preocupação dos procuradores com a continuidade dos processos durante a ausência da juíza.
Em um diálogo datado de 19 de dezembro de 2018, Deltan Dallagnol, então coordenador da força-tarefa da Lava Jato, mencionou um encontro com Hardt, onde ela teria questionado a ausência de novas denúncias. Dallagnol relatou ter prometido notificar a juíza assim que as denúncias fossem protocoladas.
Em resposta, a procuradora Jerusa Viecili sugeriu que a juíza deveria focar em outras atividades, como as compras de Natal, indicando que haveria um aumento significativo de trabalho nos dias seguintes.
A troca de mensagens também incluiu a criação de uma planilha no Google por Dallagnol para compartilhar documentos relevantes, visando agilizar a resposta aos interesses do MPF.
Esta revelação gerou repercussões legais significativas. O juiz Eduardo Appio, que substituiu Hardt na 13ª Vara Federal, declarou a suspeição da juíza em um caso específico, decisão esta que foi suspensa pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Posteriormente, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, invalidou os atos de Appio, restaurando sua decisão original.
Dallagnol, contatado pela CNN, afirmou não reconhecer a autenticidade das mensagens, alegando ter sido vítima de hackers. Ele ressaltou que todas as conversas mantidas eram apropriadas e alinhadas com a função institucional desempenhada por ele no Ministério Público Federal.
Com informações da Conjur