São Paulo sob Tarcísio: início da gestão é marcada com privatizações, tensão política e greves no transporte público

Foto: Gov SP


Em pouco tempo depois de iniciar seu mandato, o governador Tarcísio de Freitas de São Paulo se viu obrigado a mudar seu local de trabalho para São Sebastião, no Litoral Norte, devido a fortes chuvas que resultaram em 65 mortes e deixaram muitos sem lar. Esse episódio representou o primeiro grande teste de sua administração. Durante seu primeiro ano, ele conseguiu implementar a privatização da Sabesp, cumprindo assim uma de suas promessas eleitorais, mas também enfrentou problemas significativos na educação e múltiplas greves no setor de transporte. Com informações do O GLOBO.

Durante o ano, Tarcísio se viu em uma corda bamba, tentando agradar aos apoiadores bolsonaristas que o levaram ao poder, enquanto também buscava adotar políticas mais pragmáticas que, por vezes, o colocaram em alinhamento com o presidente Lula e sua equipe.

Um momento particularmente tenso foi quando Tarcísio manifestou apoio à reforma tributária de Lula, causando descontentamento e acusações de traição por parte dos bolsonaristas. Em uma ocasião, foi vaiado e interrompido por Jair Bolsonaro em um evento do PL por defender essa reforma. Bolsonaro chegou a pedir a unidade do partido contra a aprovação da proposta.

Esse dilema não foi um evento isolado. No início de seu mandato, Tarcísio inicialmente recusou um convite de Lula para discutir eventos antidemocráticos, uma decisão que rapidamente reverteu diante da reação negativa. Dias depois, ele se encontrou com Lula, em um gesto que buscava demonstrar colaboração pelo “bem do Brasil”.


Contudo, Tarcísio empreendeu ações direcionadas para satisfazer seus eleitores. No âmbito da segurança pública, com Guilherme Derrite do PL como secretário, adotou uma postura severa contra o crime. Economicamente, priorizou as privatizações, destacando-se o plano de transferir a Sabesp para o setor privado, uma decisão reafirmada com a recente aprovação da Assembleia Legislativa. Na educação, buscou reviver o conceito de escolas cívico-militares, uma política alinhada com as diretrizes do ex-presidente Bolsonaro.

Tarcísio sempre valorizou publicamente sua relação com Bolsonaro, posicionando seu apoio político em consonância com o ex-presidente, como demonstrado em sua postura condicional sobre a reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.

Seu primeiro ano foi marcado pela ênfase em privatizações, incluindo planos ambiciosos para o Metrô e a CPTM, que provocaram greves significativas, indicando resistência e descontentamento entre os sindicatos. Esse foco em concessões destacou o governo como um dos mais confrontados com paralisações no setor em uma década.

No que diz respeito à educação, o secretário Renato Feder atraiu críticas por anunciar mudanças sem ampla consulta, particularmente sua tentativa fracassada de substituir livros físicos por conteúdo digital. Essa e outras ações precipitadas levaram a uma série de retratações, demonstrando uma gestão marcada por tensões e contratempos.

Foto: O GLOBO.
Rhyan de Meira: Rhyan de Meira é estudante de jornalismo na Universidade Federal Fluminense. Ele está participando de uma pesquisa sobre a ditadura militar, escreve sobre política, economia, é apaixonado por samba e faz a cobertura do carnaval carioca. Instagram: @rhyandemeira
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