Jeferson Miola //
Ilustração: Jota Camelo //
Embora o Banco Central tenha baixado nominalmente a taxa básica de juros [SELIC] para 11,75% em 13 de dezembro, na verdade os juros reais continuam nos mesmos patamares estratosféricos ao redor de 8% de juro real, descontada a inflação.
Considerando o estoque da dívida brasileira, a cada 1% da taxa de juros fixada pelo Banco Central o Tesouro Nacional é obrigado a dispender cerca de 70 bilhões de reais a mais.
Com a taxa de ganhos reais na faixa dos 8% ao ano o país tem, portanto, um custo adicional de R$ 560 bilhões de reais no custo da dívida. Esta cifra monumental é equivalente a 10 vezes o orçamento de todas obras e investimentos do PAC para 2024, previsto em R$ 55,3 bilhões.
O Brasil é um paraíso para as finanças nacionais e estrangeiras. Está entre os cinco países com as maiores taxas de juros reais do mundo, e é o país do G20 com a maior taxa, ao lado do México.
Além dos R$ 53 bilhões usurpados pelo Congresso para patrocinar o esquema corrupto de emendas clientelistas e paroquiais, com a política monetária do bolsonarista Roberto Campos Neto o Tesouro Nacional ainda será obrigado a transferir a mais por ano o equivalente a 10 PAC’s para investidores e especuladores a título de pagamento do serviço da dívida.
O anúncio da queda da taxa de juros não pode ser comprado pelo valor de face, pois com a queda da inflação no governo Lula os ganhos financeiros reais se mantiveram estáveis em níveis absurdamente elevados.
Este nível de ganho financeiro é indecente, anula o esforço de equilíbrio fiscal, impossibilita o atendimento das urgências nacionais e sociais, aumenta as desigualdades e atravanca o desenvolvimento do Brasil.