O mercado financeiro está projetando que o Ibovespa, o principal índice da Bolsa de São Paulo, ultrapasse os 140 mil pontos em 2024. Atualmente, o índice está em torno de 132 mil pontos, tendo quebrado recordes no ano de 2023. A expectativa de crescimento é impulsionada pela redução das taxas de juros tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Apesar de algumas incertezas ainda presentes, o sentimento geral entre bancos e casas de análises é de otimismo, com previsões apontando para um Ibovespa acima dos 140 mil pontos. Em uma declaração à edição desta segunda-feira, 25 de dezembro, do jornal Folha de São Paulo, David Beker, chefe de economia no Brasil e estratégias para América Latina do Bank of America, afirmou: “Começou o ano de 2023 com incertezas sobre meta de inflação, a implementação do arcabouço fiscal, incerteza sobre as medidas de receita. E a gente está terminando o ano com um PIB [Produto Interno Bruto] bem acima do esperado”.
Beker ressalta que, apesar dos desafios fiscais, a equipe econômica liderada pelo ministro Fernando Haddad (PT) conseguiu entregar resultados satisfatórios. Comparativamente, o Brasil se mantém em uma posição estável em relação a outros países.
O Bank of America projeta que o Ibovespa atinja os 145 mil pontos em 2024. Um marco importante para o Brasil será a redução da taxa básica de juros para um dígito, prevista para ocorrer em 2024, com a Selic chegando a 9,5% ao ano.
O cenário internacional também contribui para o otimismo. A desaceleração da inflação e da atividade econômica global levou o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, a sinalizar uma possível redução dos juros no próximo ano. Em uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Paulo Gala, economista-chefe do banco Master, comentou: “Se a gente foi bem neste ano com alta de juros nos EUA, imagine com corte de juros. Se a inflação americana convergir e o Fed começar a cortar juros lá para março ou abril, o cenário no Brasil será muito melhor”.
Embora o banco Master não tenha uma projeção específica para o Ibovespa, Gala acredita que o índice da Bolsa de Valores de São Paulo ultrapassará os 140 mil pontos em 2024. O Ibovespa quebrou seu recorde histórico de junho de 2021 em 14 de dezembro deste ano, alcançando 130.842 pontos, impulsionado pela decisão do Federal Reserve de manter inalterada a taxa de juros nos EUA, indicando o fim do ciclo de alta.
Marcos Kawakami, gestor de renda variável do BNP Paribas no Brasil, destaca a importância do cenário macroeconômico favorável, com juros e inflação baixos, para o desempenho das empresas listadas na Bolsa. Em suas palavras ao jornal Folha de São Paulo, ele explicou: “A receita [das companhias] é atrelada à atividade econômica do país, custo fixo é atrelado à inflação e custo financeiro é atrelado à Selic. Então, quando a gente pensa no lucro da empresa, ela é uma composição de fatores macroeconômicos. Se a gente tiver uma atividade resiliente e inflação e juros para baixo, podemos esperar lucros melhores para o ano que vem”.
O BNP Paribas estima que o Ibovespa possa alcançar cerca de 149 mil pontos no próximo ano.
David Beker, do Bank of America, prevê uma atenção renovada ao setor varejista em 2024, após uma postura mais cautelosa em 2023. Falando ao jornal Folha de São Paulo, ele observou: “Hoje, basicamente, é um setor que as pessoas não querem ter [como investimento]. Então, em termos técnicos, esse é um ingrediente adicional para comprar. Ninguém tem [o ativo], o posicionamento está leve. E era um setor que todo mundo tinha”.
Gala, do Master, concorda que o varejo deve “ressuscitar”, assim como outras classes de ativos favorecidas pela redução dos juros. Em declaração ao jornal, ele também vê potencial nas small caps, empresas de baixa capitalização na Bolsa, que tendem a se beneficiar do foco no consumo e mercado interno em 2024. Ele acrescentou: “Acho que em 2024 a gente vai ter um crescimento bem mais concentrado em consumo e mercado interno, e menos focado em commodities. O agronegócio, por exemplo, cresceu mais de 10% neste ano, e eu não vejo isso se repetindo no próximo ano”.
Kawakami, do BNP Paribas, observa que a desaceleração econômica global e a queda na demanda por commodities podem impactar negativamente os lucros das empresas exportadoras de matérias-primas. Além disso, uma valorização do câmbio brasileiro poderia ser desfavorável para essas empresas, cujas vendas são realizadas em dólar. Em suas palavras ao jornal, ele concluiu: “Então, quando a gente segrega empresas exportadoras e as domésticas, a gente prefere as empresas domésticas”.
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