A necessidade de segurança alimentar da China torna o Brasil mais competitivo

CFP

Publicado em 21/12/2023 – 23h40

Por Global Times

GT — O Brasil retira uma cota crescente do comércio agrícola global aos EUA, graças aos laços mais estreitos do país sul-americano com a China, um dos maiores importadores mundiais de importantes produtos agrícolas, que visa alcançar a diversificação da oferta para garantir a segurança alimentar.

Embora os EUA continuem a ser uma importante fonte de produtos agrícolas para a China, as tensões geopolíticas levarão a China a intensificar os esforços de diversificação para reduzir a exposição aos riscos se as restrições comerciais impostas pelos EUA não puderem ser resolvidas.

Um relatório da Bloomberg disse na quarta-feira que o Brasil ultrapassou os EUA como principal fornecedor de milho para a China, com embarques do Brasil totalizando 8,79 milhões de toneladas nos primeiros 11 meses do ano, ou 40 por cento das importações totais de milho da China, de acordo com dados aduaneiros.

Os embarques dos EUA chegaram a 6,5 ​​milhões de toneladas, quase 30% do total, mas caíram mais da metade em relação ao ano anterior.

O milho não é a única commodity agrícola cujas exportações brasileiras para a China superam as dos EUA. As exportações de soja do Brasil também superaram as dos EUA este ano. Nos primeiros 11 meses, as importações de soja da China totalizaram 89,63 milhões de toneladas, um aumento de 13,3%, de acordo com um artigo publicado pela Associação de Soja de Heilongjiang.

As exportações brasileiras de soja para a China atingiram um recorde de 64,97 milhões de toneladas, um aumento de 25 por cento, enquanto as exportações dos EUA para a China caíram 8 por cento, para 20,36 milhões de toneladas.

O crescimento robusto das exportações brasileiras de milho e soja para a China reflete a crescente competitividade do país no comércio agrícola internacional, especialmente em comparação com os EUA. As exportações brasileiras de milho deverão atingir 55,94 milhões de toneladas em 2023, ante 44,7 milhões de toneladas em 2022, enquanto as exportações de soja são estimadas em 101,1 milhões de toneladas, ante 77,8 milhões em 2022, segundo projeções da Anec, grupo comercial brasileiro que representa exportadores.

Estes números refletem colheitas abundantes no Brasil este ano, e também uma tendência para o enorme mercado chinês se voltar para o Brasil para reduzir a dependência dos EUA em milho e soja.

Dadas as atuais circunstâncias, a procura da China pela diversificação do fornecimento de milho e soja fora dos EUA é totalmente justificada.

Para começar, os produtos agrícolas do Brasil têm as vantagens de baixos custos, boa qualidade e fornecimento estável. Além disso, o Brasil não tem grandes áreas de atrito comercial com a China. Em particular, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, tem procurado ativamente relações econômicas mais estreitas com a China.

Por exemplo, em outubro, a China e o Brasil concluíram pela primeira vez um acordo comercial nas suas moedas locais, com transações financiadas e liquidadas em yuan e convertidas diretamente em reais brasileiros, segundo a Agência de Notícias Xinhua.

O aumento das compras de produtos agrícolas brasileiros pela China contribui para a promoção da cooperação econômica e comercial.

Em comparação, o comércio de cereais entre a China e os EUA enfrenta incertezas e desafios.

Uma das principais razões para as tensões nas relações bilaterais é que os EUA encaram sempre as questões comerciais com a China de uma perspectiva geopolítica e aumentam continuamente a repressão unilateral e as sanções às empresas chinesas e à indústria chinesa, minando a confiança de ambos os lados.

Neste contexto, há todos os motivos para a China ser cautelosa e ter em conta alguns fatores geopolíticos quando se trata de importações de cereais para fins de segurança alimentar do país. Esta mudança pode colocar mais pressão sobre o comércio agrícola dos EUA, mas é uma precaução necessária para a China.

Afinal, a China é um dos maiores compradores de produtos agrícolas do mundo. Com a sua grande população, é essencial que a China escolha fontes de abastecimento competitivas, seguras e estáveis ​​para garantir a sua segurança alimentar.

Cláudia Beatriz:
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