Argentina: forte reação popular nas ruas contra decreto de Milei

Todas as noites, manifestantes cercam o Congresso para protestar contra o decreto ilegal de Milei. Foto: Reproduçao

Bruno Falci, de Buenos Aires, para O Cafezinho

Milei fez um pronunciamento pré-gravado em rede nacional, na quarta-feira (20/12) à noite, anunciando uma série de medidas inconstitucionais, que teve como consequência manifestações espontâneas de “panelaços” e protestos em todo o país, anunciando uma série de medidas inconstitucionais que visam acabar com a democracia na Argentina e destruir os direitos conquistados pela classe trabalhadora.

Na capital, populares se dirigiram ao Congresso, que foi cercado durante toda a noite, até o amanhecer. Atos públicos também ocorreram em inúmeras cidades do interior e prosseguiram nos dias seguintes. Em Córdoba, tropas policiais agiram com violência, utilizando gás de pimenta e balas de borracha, contra manifestantes que se encontravam reunidos pacificamente em via pública. Em todo o país, a tendência é a ocupação permanente dos espaços públicos para demonstrar o descontentamento e a resistência popular contra as medidas governamentais.

O governo mobilizou um aparato policial sem precedentes, desde que a democracia foi implantada há quarenta anos na Argentina, após a queda da ditadura militar (1976-1983). Buenos Aires foi ocupada por forças federais e tropas de choque visando impedir o povo de se manifestar. Decreto de Patricia Bulrich, Ministra da Segurança, proíbe o fechamento de ruas e ameaça de sanções aqueles que ousarem defender seus direitos. Passeata aconteceu assim mesmo e derrotou o governo, mostrando que ele se encontra em uma posição de fragilidade.

Dezenas de organizações participaram do protesto que denunciou o brutal ajuste lançado pelo governo de extrema-direita de Javier Milei.  O Protocolo repressor elaborado pela ministra de Segurança, Patricia Bullrich, fracassou. Ele tinha um objetivo: ameaçar, atemorizar e perseguir manifestantes. E falhou. Milei assistiu, através de monitores, na sede da Polícia Federal, o espetáculo das ruas militarizadas tendo de um lado tropas de choque e, de outro, o vitorioso exercício de cidadania dos manifestantes.

Movimentos sociais e organizações sindicais realizaram nesta quarta-feira, 20 de dezembro, a primeira mobilização contra o governo de Javier Milei, em repúdio às medidas econômicas anunciadas pelo ministro da Economia, Luis Caputo, e ao protocolo anti-piquetes relatado pela Ministra da Segurança, Patrícia Bullrich.

A truculência policial não conseguiu impedir a liberdade de expressão de milhares de manifestantes, que cumpriram a caminhada e fecharam ruas e avenidas entre a Plaza del Congreso e a Plaza de Mayo, onde se concentraram, diante da sede do governo, para realizar um evento, quando denunciaram o feroz ajuste lançado contra os trabalhadores e as classes médias empobrecidas. O Protocolo elaborado pela ministra de Segurança, Patricia Bullrich, fracassou. Não conseguiu evitar o bloqueio das ruas e garantir a livre circulação. A elevada afluência impossibilitou que os manifestantes andassem sozinhos na calçada, como queria o Governo. Eles avançaram com faixas e tambores por toda a largura das duas avenidas que levam à Plaza de Mayo e o trânsito teve que ser desviado para ruas próximas.

No documento lido na Plaza de Mayo, foi denunciado, entre outras questões, que o ajuste lançado pelo governo tem objetivos claros: “encher os cofres do FMI, dos credores da dívida externa fraudulenta e dos setores mais concentrados do capital. Enquanto dizem ao povo que “não há dinheiro”, dizemos que há dinheiro: vai para os monopólios petrolíferos e alimentares aos quais permitem aumentos descontrolados”.

As medidas repressivas do Milei, que assumiu o cargo há 10 dias, tiveram características semelhantes a um “estado de sítio”, que é quando o Estado cerceia as liberdades democráticas com o argumento de que há comoção interna ou outro tipo de ameaça à estabilidade institucional. O Governo tem como meta instalar um discurso de terror e medo para desencorajar a mobilização popular.

Decreto ilegal de Milei é uma ameaça ditatorial

Javier Milei anunciou um mega Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), um conjunto de reformas que restringem as funções do Estado e fortalecem as forças de mercado. O objetivo é flexibilizar o regime laboral, desregulamentar a economia interna e externa, revogar a lei do arrendamento e a lei da oferta, afetar a indústria nacional e abrir caminho à privatização das empresas públicas, entre outros

Milei busca liquidar a soberania popular e apresentou o decreto no mesmo dia em que realizaram uma grande operação para intimidar os protestos sociais. A norma confirma a fraude eleitoral do presidente porque está em conformidade com os trabalhadores e as maiorias populares. Ele procura governar como um imperador, liquidando a soberania popular, utilizando um mecanismo altamente antidemocrático e ilegal segundo a constituição.

O presidente governa por decreto porque lhe seria impossível aprovar no Congresso medidas que afetem as grandes maiorias. As mudanças que pretende impor fazem parte do plano de guerra contra os trabalhadores anunciado por Luis Caputo, formando um duro plano de ajustamento do qual ainda faltam novos capítulos. O anúncio foi feito no mesmo dia em que juntamente com Bullrich prepararam uma grande operação para semear o medo em todos aqueles que querem mobilizar-se contra o Governo.

O resultado dos decretos, que foram lidos em rede nacional por Milei, foi um levante contra as medidas criminosas do governo, panelaços aconteceram em todo o país e o povo saiu as ruas de forma espontânea. Avenidas foram fechadas e em Buenos Aires o Congresso foi cercado pelo povo que pede a revogação do decreto. Protestos seguem acontecendo todas as noites. Desde o anúncio do decreto, há panelaços longos às 21 horas. Após isso manifestantes voltam as ruas e repetem o que fizeram antes. Cercar o Congresso fechar ruas e avenidas e panelaços longos por toda parte. Na noite de ontem (21/12) houve enfrentamentos com a polícia em Córdoba que reprimiu com bombas e gás o povo nas ruas. Manifestantes foram presos.

As centrais sindicais convocaram um ato na capital na próxima quarta-feira contra as medidas de Milei e anunciaram greve geral no mês de janeiro. Governo segue escalando o confronto com a cidadania, que de forma organizada e pacífica tenta mostrar que todo o poder emana do povo.

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