Não é segredo para ninguém que o encontro desta terça-feira (12), entre Lula (PT), o ministro Rui Costa (PT), Arthur Lira (PP) e Renan Calheiros (MDB), ao lado de seus respectivos aliados, foi tenso e que tinha como único objetivo tentar evitar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o afundamento de bairros em Maceió (AL) por ação das atividades de mineração da Braskem na cidade.
Lula chegou a dizer diretamente durante a reunião que “CPI a gente sabe como começa e não sabe como termina” e que esse seria um dos problemas. Questionamento que foi respondido prontamente por Renan Calheiros, que se resumiu a dizer que a comissão vai investigar apenas a Braskem e o crime ambiental em Maceió.
Diante da insistência de Rui Costa em tentar achar maneiras de se evitar a CPI, Renan Calheiros acabou se irritando com o ministro, chegando a questionar se ele estava ali falando em nome da Braskem, o que foi respondido com uma tímida e constrangida negativa.
Segundo interlocutores do senador, a reunião seria uma espécie de “operação Barrichello”, muito atrapalhada para tentar garantir a neutralização das investigações. Estes mesmos interlocutores também apontam que o fato de a CPI ter sido instalada, mesmo com a ação direta do governo para impedi-la, é mais um episódio da perda de controle da base governista no Senado.
“Esse é um problema de falta de articulação política. As pessoas que estão operando a política no Senado não estão operando bem”, disse um destes interlocutores em claro recado para o senador Jaques Wagner (PT), líder do governo no Senado.