A sabatina dupla dos indicados do presidente Lula para os postos de Procurador-geral da República e Ministro do Supremo Tribunal Federal terminou na quarta-feira (13) com o melhor desfecho possível para o governo, com a aprovação dos seus indicados.
O resultado já era esperado, já que na história recente os postulantes a estes postos não foram barrados pelo Senado, que se tornou uma mera casa homologadora destas indicações, o que já é problemático para a democracia.
Mas se não bastasse isso, o Senado Federal, em especial os senadores da oposição, deram um verdadeiro show de amadorismo. A começar pelo absurdo que é uma sabatina dupla, o que por si só já deslegitimaria o processo todo. No entanto, nada é tão ruim que a nossa sofrível oposição não possa piorar.
Faltaram perguntas sobre o pensamento jurídico e posicionamentos dos postulantes e sobraram discursos ensaiados para as redes sociais. O próprio senador Cleitinho (Republicanos), mostrou que está mais para um vereador federal do que qualquer outra coisa, chegando a falar com Flávio Dino (indicado ao STF) sobre esgoto no interior de Minas Gerais e IPVA.
Já a senadora Damares Alves (PL), conseguiu dobrar a aposta: resolveu falar sobre uma deputada da Tchecoslováquia como “prelúdio” de um monólogo sobre comunismo e cristianismo. Terminou o show de sandices falando que não faria perguntas técnicas, mas que abriria seu coração.
Já um outro senador fez questão de apontar que a sabatina de Dino (então filiado ao PSB, número 40), foi realizada no dia 13, que é o mesmo número de legenda do PT, partido do presidente, como se tudo fizesse parte de uma grande conspiração.
Marcos do Val (PL), o mentiroso inveterado, deu seu show costumeiro de teorias da conspiração, que, segundo ele, são corroboradas por suas supostas fontes que estão em todos os cantos de Brasília. Deu até mesmo tempo para o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Flávio, afirmar que quase foi indicado ao STF (?).
Infelizmente, a única pergunta/fala que fez jus ao momento e rito, do lado da oposição, foi a do senador Sergio Moro (União), que questionou sobre a como seria a relação de Dino com as redes sociais, um debate que realmente deveria ser encarado com mais seriedade.
Infelizmente, o Senado Federal, uma casa que já foi conhecida por ser um contraponto à Câmara e seus deputados “exóticos”, agora está repleta de vereadores que pouco sabem quais são seus papéis lá. Não por menos as audiências com ministros do governo volta e meia se assemelham com episódios (ruins) da Escolinha do Professor Raimundo, contando, inclusive, com personagens bem definidos e papéis claros.
Embora o perverso discurso da antipolítica encontre alguma sobrevida no Partido Novo, é inegável que a péssima qualidade dos parlamentares da casa é reflexo da negação da política nos últimos 10 anos. Principalmente por que a oposição ainda orbita no entorno de Jair Bolsonaro, que ainda se vale do discurso para degradar o debate público no país e se manter com alguma relevância.
O maior exemplo disso, infelizmente, é o fato de que um senador como Davi Alcolumbre (União) presidir uma das comissões mais importantes (Constituição e Justiça) e ter tanto poder.
Resta saber quando iremos sair deste atoleiro, afinal de contas, todos são políticos eleitos, logo, reflexo da sociedade.
Disse sabiamente o cientista político Tiago Garrido:
“Infelizmente, os políticos brasileiros não foram socializados em Marte… Todos cresceram aqui entre nós, brasileiros”.