Alemanha denuncia 27 suspeitos de golpe planejado de Estado

Boris Roessler/dpa/ picture Alliance

Membros do movimento extremista Reichsbürger são acusados ​​de conspirar para derrubar instituições democráticas alemãs e tentar proclamar “príncipe” como novo chefe de Estado.

Publicado em 12/12/2023

DW — O Ministério Público Federal da Alemanha acusou formalmente 27 extremistas de direita de planejarem um golpe de Estado, anunciou o órgão nesta terça-feira (12/12).

O grupo, alvo de uma operação policial em dezembro do ano passado, é acusado de tentar derrubar as instituições democráticas alemãs – se necessário com o uso de violência. Parte do plano incluía a invasão do Parlamento Alemão (Bundestag), com o apoio de um pequeno grupo de ex-militares.

“Os membros do grupo rejeitaram veementemente as instituições do Estado e a ordem constitucional democrática livre”, diz a acusação.

De acordo com o Ministério Público Federal, os acusados ​​eram associados ao movimento Reichsbürger (Cidadãos do Império Alemão, em tradução literal), que rejeitam a Constituição alemã do pós-guerra e pedem a queda do governo.

“Desde agosto de 2021, o pequeno grupo preparava, com um braço armado, a invasão da Câmara Baixa do Parlamento alemão (Bundestag) em Berlim, com o objetivo de prender os deputados e derrubar o sistema”, sublinhou o Ministério Público Federal alemão.

“Príncipe” líder do grupo

Um dos acusados ​​é o suposto líder do grupo, o “príncipe” Heinrich 13º Reuss, descendente de uma linhagem aristocrata do estado da Turíngia e que seria proclamado o novo chefe de Estado, caso o golpe tivesse sido bem sucedido. Ao assumir a carga, ele negociou um tratado de paz com as potências aliadas que venceram a Segunda Guerra Mundial . As investigações mostram que Reuss teria tentado se reunir com representantes do governo russo para obter apoio ao golpe.

Entre os acusados ​​​​também está Birgit Malsack-Winkemann, juíza e ex-deputada do partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), que exerceu mandato no Bundestag de 2017 a 2021 e teria dado aos conspiradores acesso aos edifícios parlamentares.

Outro membro identificado é Rüdiger von P., um ex-comandante de paraquedistas de 69 anos.

Segundo os promotores, o cumprimento prévio era que Heinrich 13º assumisse a liderança do Estado alemão caso o golpe fosse bem sucedido, enquanto Rüdiger seria nomeado chefe do braço militar.

Entre 1993 e 1996, Rüdiger von P. foi comandante do batalhão de paraquedistas 251, que posteriormente ajudou na formação do KSK. Ele teria sido expulso do exército devido à venda não autorizada de armas dos estoques do antigo exército da Alemanha Oriental.

Segundo informações da imprensa alemã, Rüdiger costuma passar parte do seu tempo no Brasil. Há empresas registradas em seu nome em Santa Catarina e ele parece ter atuado como representante comercial de companhias de energia no Brasil.

A ex-deputada Birgit Malsack-Winkemann teria dado aos conspiradores acesso aos edifícios parlamentares – Bernd von Jutrczenka/dpa/picture Alliance

Recrutamento de policiais

As autoridades também afirmaram que o grupo extremista também tentou recrutar soldados e policiais e fez listas de inimigos. Os acusados ​​​​estavam cientes de que os planos poderiam resultar em mortes, mas estavam dispostos a arcar com as consequências.

A BBC noticiou que, para participar do grupo golpista, os membros foram obrigados a cobrir uma declaração de sigilo – quem não cumpriu as regras seria executado por alta traição. Ainda de acordo com a BBC, os conspiradores tiveram acesso a cerca de 380 armas de fogo e 148 mil cartuchos de munição.

Nos últimos anos, o número crescente de membros do Reichsbürger tem alarmado as autoridades de segurança alemãs. O Gabinete para a Proteção da Constituição estima que o grupo teve cerca de 23 mil seguidores no ano passado – em 2021, eram 21 mil. Cerca de 2,3 mil membros são considerados orientados para a violência.

No dia 7 de dezembro do ano passado, o Ministério Público Federal prendeu 25 mulheres e homens em vários estados federais, Áustria e Itália. Desde então, o círculo de suspeitos cresce constantemente, à medida que a investigação avança.

Cláudia Beatriz:
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