Indústria baiana foi a maior influência positiva na indústria nacional em outubro, puxada pelo setor de produtos derivados do petróleo
Publicado em 08/12/2023 – 09h00 | Atualizado em 08/12/2023 – 12h24
Por Vinícius Britto – Editoria Estatísticas Econômicas – IBGE
Agência de Notícias IBGE — Com a variação de 0,1% na produção industrial nacional na passagem de setembro para outubro, dez dos 15 locais investigados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional neste indicador registraram taxas positivas. Os maiores avanços individuais vieram de Pernambuco (12,4%), Bahia (8,1%) e Região Nordeste (4,2%), enquanto São Paulo (0,6%) registrou a segunda maior influência no resultado mensal, atrás apenas do estado baiano.
“Na Bahia, o setor de derivados do petróleo foi a principal influência positiva no mês em outubro, seguido por de produtos químicos e alimentos. Avaliando conjuntamente os resultados dos três meses anteriores, onde acumulou queda de 12,1%, o que podemos inferir sobre a indústria baiana é a mesma atmosfera conjuntural que observamos dentro da produção industrial nacional, com a taxa de juros ainda em patamar elevado. Isso impacta diretamente a cadeia produtiva, que segue a passos moderados, visto que encarece o crédito e recai diretamente sobre os investimentos, diminuindo o ritmo da produção”, avalia o analista da PIM Regional, Bernardo Almeida.
O pesquisador do IBGE salienta ainda que os juros em termos elevados também afetam a demanda, diminuindo o consumo das famílias, sendo um efeito que ocorre não somente na indústria baiana, mas também na indústria nacional.
A indústria paulista, responsável por cerca de 33% da produção industrial nacional, apresentou alta de 0,6% em outubro. “O setor farmacêutico e o de máquinas, aparelhos e materiais elétricos influenciaram positivamente esse resultado. Vale salientar ainda que, com o avanço de 0,6%, a indústria paulista está 1,7% abaixo do seu patamar pré-pandemia. Mesmo obtendo esse avanço, é possível observar nitidamente que São Paulo ainda está aquém do seu nível de produção pré-pandemia.
Almeida frisa que os resultados recentes da indústria de São Paulo, sobre a qual o setor de veículos automotores exerce importante influência, é possível perceber como os fatores conjunturais explicados pela indústria nacional impactam em um comportamento mais oscilante da indústria local. Esse setor lida com a depreciação de seus produtos e, conforme os mesmos ficam parados ou estocados, perdem valor com o tempo.
“Portanto, em um ambiente de demanda arrefecida por causa de uma taxa de juros elevada, um excesso de oferta nesse setor pode levar a uma significativa depreciação no valor do volume produzido e estocado. Com isso, conseguimos observar um comportamento com um ritmo de produção moderado, justamente para acompanhar essa conjuntura na qual oferta e demanda precisam se equilibrar”, completa.
Já o maior avanço para o mês veio de Pernambuco, que assinalou alta de 12,4%. “Em outubro, percebemos uma mudança sobre os resultados da indústria pernambucana, com o setor de derivados de petróleos, de alimentos e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos exercendo os maiores impactos para a indústria pernambucana. Esse resultado eliminou parte da perda acumulada nos últimos quatro meses, que foi de 18%. Não é possível dizer que esse resultado representa um princípio de recuperação, mas, sim, um movimento compensatório da indústria local”, explica o analista.
Do lado das quedas, Espírito Santo (-3,1%) e Amazonas (-2,6%) mostraram os recuos mais intensos na produção nesse mês, com ambos marcando o segundo mês seguido de queda na produção e acumulando nesse período perdas de 7,9% e 8,6%, respectivamente. Já o Rio de Janeiro, com queda de (2,0%), foi a principal influência negativa no resultado mensal.
“Esse resultado da indústria fluminense vem após dois meses de resultados positivos, onde acumulou um ganho de 5,2%. Portanto, o resultado de outubro elimina parte dos ganhos obtidos nos últimos meses e foi influenciado pelo setor extrativo, ligado à extração do petróleo e gás natural, e do setor de derivados do petróleo, ligado ao refino, que são dois setores muito influentes na indústria local”, destaca Almeida.
Indústria avança em 12 dos 18 locais pesquisado na comparação com outubro do ano passado
Na comparação com outubro de 2023, o setor industrial cresceu 1,2% em outubro de 2023, com resultados positivos em doze dos dezoito locais pesquisados. Vale citar que outubro de 2023 (21 dias) teve 1 dia útil a mais do que igual mês do ano anterior (20).
Nesse mês, Paraná (28,9%), Espírito Santo (16,9%), Goiás (13,0%), Pernambuco (11,4%) e Mato Grosso (10,0%) assinalaram os maiores avanços, impulsionados pelos setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, produtos alimentícios e produtos de madeira no primeiro local, e de indústrias extrativas e celulose, papel e produtos de papel, no segundo.
Mato Grosso do Sul (9,1%), Pará (8,0%), Bahia (7,5%), Santa Catarina (3,9%) e Ceará (3,2%) também apontaram avanços mais intensos do que a média nacional (1,2%), enquanto Região Nordeste (1,0%) e Rio Grande do Sul (0,6%) completaram o conjunto de locais com crescimento na produção no índice mensal de outubro de 2023.
Por outro lado, Rio Grande do Norte (-14,8%), Maranhão (-7,4%) e Amazonas (-5,7%) assinalaram os recuos mais acentuados, pressionados, em grande parte, pelas atividades de indústrias extrativas (óleos brutos de petróleo, sal associado à extração e gás natural) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (óleos combustíveis e querosenes de aviação), no primeiro local; e de indústrias extrativas (minérios de ferro pelotizados ou sinterizados e gás natural) e metalurgia (óxido de alumínio e ferro-gusa), no segundo. As demais quedas foram no Rio de Janeiro (-1,7%), Minas Gerais (-0,5%) e São Paulo (-0,1%).
Mais sobre a pesquisa
A PIM Regional produz, desde a década de 1970, indicadores de curto prazo relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativas e de transformação. Traz, mensalmente, índices para 17 unidades da federação cuja participação é de, no mínimo, 0,5% no total do valor da transformação industrial nacional e, também para o Nordeste como um todo: Amazonas, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Região Nordeste. Os resultados da pesquisa também podem ser consultados no Sidra, o banco de dados do IBGE. A próxima divulgação da PIM Regional será em 14 de janeiro.