Sai a mais recente pesquisa IPEC e os números não são assustadores, mas reforçam que o governo precisa dar mais atenção para a própria comunicação.
Considerando que a margem de erro é de 2%, a avaliação positiva, que começou em 41%, agora está em 38%, estável. No entanto, é o índice de rejeição que está subindo. O governo começou o ano (março) com 24% e agora chega em 30%. É aí que mora o perigo.
Já a aprovação do presidente Lula, que em março era de 57%, agora chega em 51%. A desaprovação saiu de 35% (março) para 43%.
Esses números podem ser explicados por outro dado importante: a confiança no presidente. Em março, a confiança era de 53% e agora está em 48%. Entre os que não confiam, o salto também é expressivo, saindo de 43% (março) e chegando em 50%.
De qualquer maneira, Lula segue com uma aprovação entre os eleitores com menor escolaridade, embora também tenha caído por lá. Já no Nordeste, bastião petista, a aprovação é de apenas 50%.
27% dos eleitores acreditam que o presidente está tendo boas ideias, mas não está conseguindo colocá-las em prática. Outros 35% acreditam que o presidente está sendo pior do que esperavam.
Agora, quem acredita que a economia está pior do que há 6 meses atrás saiu de 29% na última pesquisa para 36% na pesquisa atual.
Isso deixa ainda mais evidente que o governo não está conseguindo fazer com que seus feitos cheguem a toda a avaliação. Com isso, também não está conseguindo trazer ex-eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro para seu lado, mesmo com os seguidos esforços problemáticos de conciliação.
A queda coincide também com o distanciamento com os benefícios e reajustes feitos pelo governo no começo do ano. No entanto, eles melhoraram a situação de uma parte da população que já se encontrava numa situação muito ruim. Por isso, acabam não sendo mais o suficiente.
E isso vai em linha com a última pesquisa Datafolha (lembre-se, pesquisas não se comparam). 57% dos entrevistados nela afirmaram que Lula fez mesmo do que esperavam que ele fizesse pela população. Os motivos dessas frustrações são os mais variados, de decisões econômicas até a forma como lida com forças armadas, oposição e até mesmo a relação com o Congresso Nacional.
Ainda de qualquer maneira, a luz vermelha não precisa ser acessa no Palácio do Planalto. No entanto, se as próximas pesquisas seguirem nesse ritmo, poderá sim entrar em desespero. No Datafolha, Lula tem 38% de aprovação em seu primeiro ano de mandato. Jair Bolsonaro tinha 30% no mesmo período.
De qualquer maneira, fica evidente a dificuldade de fazer com que a agenda econômica chegue na população em geral. Na visão das pessoas, o supermercado ainda está caro, os empregos pagam pouco e a situação não está boa. Paramos de falar sobre inflação? Sim, mas apenas isso não basta.
Ainda no final de novembro, o governo conseguiu os seguintes feitos:
- Ibovespa subiu 12,5% em novembro e teve o maior ganho mensal em 3 anos.
- Bolsa acumulou alta de 16%.
- Dólar caiu 6,9%.
- Desemprego ficou em 7%.
- Em 100 milhões de brasileiros com renda pela primeira vez na história.
Isso não chegou nas pessoas. Mas sabe o que chegou com força? A taxação de compras em aplicativos como Shein e Shopee. A economia precisa chegar onde ela não chegou ainda.
Enquanto isso, o governo segue patinando na comunicação, seja nas redes, seja em outras mídias. A agenda econômica é fundamental para o sucesso dos governos, principalmente para quem busca a reeleição. No entanto, ela não pode vir sozinha. É preciso que as pessoas saibam e sintam a economia no seu dia-a-dia. E nisso o governo parece ter dificuldades de fazer acontecer.