Dos 10,9 milhões de jovens que não estudavam nem trabalhavam em 2022, 43,3% eram mulheres pretas ou pardas
Publicado em 06/12/2023 – 10h00 | Atualizado em 06/12/2023 – 11h49
Por Vinícius Britto – Editoria Estatísticas Sociais – IBGE
Agência de Notícias IBGE — O número de jovens que não estudavam nem estavam ocupados foi de 10,9 milhões em 2022, o que corresponde a 22,3% das pessoas de 15 a 29 anos de idade. Do total, as mulheres de cor ou raça preta ou parda representavam 4,7 milhões (43,3%), enquanto as brancas formavam menos da metade desse montante: 2,2 milhões (20,1%). Outros 2,7 milhões (24,3%) eram homens pretos ou pardos e 1,2 milhão (11,4%) eram homens brancos. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada hoje pelo IBGE.
A redução do número de jovens que não estudam e não estão ocupados foi inferior à do total de jovens e, por isso, a taxa de jovens nesta condição não foi a menor da série. As menores taxas ocorreram em 2012 (21,8%) e 2013 (22,0%). A taxa de 2022 (22,3%) foi a terceira menor da série.
“O indicador inclui simultaneamente os jovens que não estudavam e estavam desocupados, que buscavam uma ocupação e estavam disponíveis para trabalhar, e aqueles que não estudavam e estavam fora da força de trabalho, ou seja, que não tomaram providências para conseguir trabalho ou tomaram e não estavam disponíveis”, explica Denise Guichard, analista da pesquisa.
A pesquisadora do IBGE completa que essa é uma medida mais rigorosa de vulnerabilidade juvenil do que a taxa de desocupação, pois abrange aqueles que não estavam ganhando experiência laboral nem qualificação, possivelmente comprometendo suas possibilidades ocupacionais futuras.
Afazeres domésticos e cuidados de parentes mantém mulheres jovens fora da força de trabalho
Em 2022, 4,7 milhões de jovens não tomaram nenhuma providência para conseguir trabalho e nem gostariam de trabalhar. Os motivos estão relacionados aos cuidados de parentes e com os afazeres domésticos para 2,0 milhões de mulheres, enquanto para 420 mil homens destaca-se o motivo por problema de saúde. Ambos os sexos também abordam o estudo por conta própria como um dos motivos para não querer trabalhar.
Já o contingente de jovens que querem trabalhar foi de 2,4 milhões, sendo que para as mulheres o cuidado e os afazeres domésticos também se destacam como principal motivo para 553 mil jovens, mas o fato de não haver trabalho na localidade atinge ambos os sexos, chegando a mais de 800 mil jovens nesta situação (356 mil homens e 484 mil mulheres).
47,8% dos jovens pobres fora da escola e do mercado de trabalho são mulheres pretas ou pardas
Do total de 10,9 milhões de jovens que não estudam e não estão ocupados, 61,2% eram pobres, com renda domiciliar per capita inferior a US$ 6,85 por dia, e 14,8% eram extremamente pobres, com renda domiciliar per capita abaixo de US$ 2,15 por dia, de acordo com as linhas de pobreza do Banco Mundial. No Nordeste, 75,5% dos jovens que não estudam e não estão ocupados estavam na pobreza e 22,5% na extrema pobreza.
Chama a atenção a condição dos jovens pretos ou pardos. As mulheres pretas ou pardas representavam 47,8% dos jovens pobres e 44,7% dos jovens extremamente pobres, seguidas dos homens pretos ou pardos, dos quais 33,3% estavam na pobreza e 26,6% na extrema pobreza.
Entre os homens pretos ou pardos, 20,2% eram extremamente pobres e 66,8% pobres. Entre as mulheres pretas ou pardas, eram 15,3% e 67,7%, respectivamente, ressaltando que elas representavam quase a metade dos jovens pobres fora do sistema de ensino e do mercado de trabalho, 43,3%, somando 4,7 milhões de pessoas.
Por nível de instrução, entre os jovens fora da escola e do mercado de trabalho com até o ensino fundamental incompleto, 23,0% eram extremamente pobres e 77,1% pobres. Dentre os que tinham ensino fundamental completo ou médio incompleto, eram 19,1% e 72,5%, respectivamente.
Entre 2019 e 2022, Brasil não avançou na meta de universalização da educação infantil
Os dados do módulo anual de educação da PNAD Contínua indicam que, de 2019 a 2022, o único grupo etário que manteve sua frequência escolar em trajetória de crescimento foi o de 15 a 17 anos, passando de 89,0% para 92,2%, mas ainda aquém da universalização, conforme previsto na Meta 3 do Plano Nacional de Educação (PNE).
O acesso à creche das crianças de 0 a 3 anos manteve-se estatisticamente estável entre 2019 e 2022 (variando de 35,5% para 36,0%), interrompendo a expansão na cobertura de oferta de ensino para essa faixa etária, que foi verificada no período anterior a 2019.
A frequência escolar do grupo de 4 e 5 anos, no início da obrigatoriedade da educação básica, caiu 1,2 ponto percentual entre 2019 e 2022, passando de 92,7% para 91,5%.
“Esses resultados indicam que a pandemia de COVID-19 prejudicou a garantia de acesso à escola. Esse prejuízo ainda não foi revertido em 2022, mais de dois anos depois dos primeiros casos de Covid no Brasil”, avalia Betina Fresneda, analista da pesquisa.
Como consequência, o país não avançou no cumprimento da meta 1 do PNE para a educação infantil entre 2019 e 2022, que estabelece como objetivo, a ser alcançado até 2024, a universalização da educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 a 5 anos de idade e o atendimento de, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos.
Entre 2019 e 2022, as retrações na frequência escolar das crianças de 4 a 5 se concentraram no Norte (de 86,1% para 82,8%) e no Nordeste (de 95,6% para 93,6%). Os percentuais das demais regiões não tiveram variação significativa.
De 2019 a 2022, o atraso escolar aumentou e a alfabetização das crianças diminuiu
A tendência de aumento do atraso escolar no início do ensino fundamental após os dois primeiros anos de pandemia de COVID-19 também foi observada a partir de dados do Censo da Educação Básica do INEP. Nesse sentido, houve aumento na taxa de distorção idade-série do 1º ano do ensino fundamental de 2,8% para 4,0% em todo o país de 2019 para 2022.
Esse indicador se refere ao atraso escolar de crianças de 7 anos ou mais, que não deveriam estar no 1º ano do ensino fundamental, mas no 2º ano ou acima, seja porque repetiram o 1º ano, seja porque ingressaram no ensino fundamental com idade acima da esperada.
Em 2022, os maiores incrementos nessa distorção idade-série dos alunos no 1º ano do ensino fundamental ocorreram no Norte (5,7%), Nordeste (5,8%) e Centro-Oeste (3,8%).
A piora no atraso escolar no 1º ano se deu em maior intensidade entre as crianças que estudavam na área urbana (de 2,6% para 3,9%) e nas escolas das redes privada (2,8% para 5,2%) e estadual (de 2,3% para 4,3%). Não houve aumento da taxa de distorção idade-série do 1º ano do ensino fundamental na área rural nem na rede federal (de 2,8% para 1,9%).
“Uma provável consequência do atraso do ingresso na escola, a partir de 2019, foi a piora nos resultados da alfabetização. O percentual de crianças consideradas alfabetizadas no 2º ano do ensino fundamental recuou dos 60,3% em 2019 para 43,6% em 2021, segundo resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica”, analisa Fresneda.
Dois em cada cinco brasileiros com 25 a 64 anos não concluíram a educação básica obrigatória
A proporção, no Brasil, de 41,5% das pessoas de 25 a 64 anos que não haviam concluído a escolaridade básica obrigatória em 2022, isto é, o ensino médio, é mais do que o dobro dessa proporção para o mesmo grupo etário na média dos países da OCDE em 2021 (20,1%), divulgado no relatório Education at a glance 2022: OECD indicators.
Esse resultado coloca o Brasil com percentual de pessoas sem ensino médio acima de países latino-americanos como Colômbia (37,9%), Argentina (33,5%) e Chile (28,0%). Se limitarmos a comparação ao grupo etário mais novo, de 25 a 34 anos, o Brasil continuava, em 2022, com um percentual duas vezes maior do que a da média dos países da OCDE em 2021, isto é, 28,6% para o Brasil em comparação com 14,2% para a média da OCDE.
O atraso histórico na expansão do sistema de ensino brasileiro também se reflete no baixo percentual de pessoas de 25 anos a 64 anos de idade que concluíram o ensino superior. Enquanto a média dos países da OCDE em 2021 era de 41,1%, a média brasileira, em 2022, era a cerca da metade da média da OCDE: 20,7%.
Ainda que a faixa etária mais nova de 25 a 34 anos de idade tenha atingido um percentual maior de pessoas com ensino superior no Brasil, com 23,4% em 2022, o resultado do esforço nacional de expansão do acesso a esse nível permaneceu a metade do divulgado para a média dos países OCDE em 2021 na mesma faixa etária: 46,9%. O percentual brasileiro (23,4%) estava abaixo de países latino-americanos como: México (27,1%), Colômbia (30,5%) e Chile (40,5%).
Mais sobre a pesquisa
A Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2023 tem como objetivo sistematizar e apresentar um conjunto de informações relacionadas à realidade social do país, a partir de temas estruturais de grande relevância para a construção de um quadro abrangente sobre as condições de vida da população brasileira.
Nesta edição, traz indicadores sobre estrutura econômica e mercado de trabalho; padrão de vida e distribuição de rendimentos; condições de moradia e educação. Os recortes por grupos populacionais destacam desigualdades de rendimentos, gênero, cor ou raça, grupos de idade, situação de domicílio e arranjo domiciliar, mostrando a evolução dos indicadores em séries históricas. Há detalhamentos por grandes regiões, unidades da federação e, em alguns indicadores, municípios das capitais.
Arte: Brisa Gil
EdsonLuiz.
06/12/2023 - 16h19
O Brasil está sendo destruído por autoritarismos, corporativismos e patrimonialismos!
■A educação está sendo destruída junto com o resto do Brasil.
A EDUCAÇÃO precisa ser tratada em favor dos alunos; no entanto, a EDUCAÇÃO no Brasil está sendo tratada contra os alunos e servindo para proteger professores que não ensinam.
■■■Durante a pandemia mundial de Covid-19, seria impossível passar pela situação de ter TODAS as escolas fechadas e com os estudantes em casa e os conceitos de avaliação do PISA não desabarem, como desabaram no mundo todo.
Naquela situação de pandemia mundial, os conceitos de avaliação do ensino só não desabariam se não houvesse mais o que desabar ou se a frequência ou não da escola já não estivesse mais fazendo nenhuma diferença.
■Pois veio a pandemia de Covid-19, os alunos brasileiros, como os de outros países, ficaram sem frequentar a escola, e o conceito já baixíssimo dos estudantes brasileiros NÃO desabou!
Impossível que não desabasse, se as escolas ficaram a maior parte desse tempo fechada e os alunos ficaram em casa.
■■Então o que aconteceu?
=》Não dá para ficarmos nos enganando::
■Se durante a Pandemia de Covid
as escolas ficaram todas fechadas e o conceito do Brasil no PISA, ao contrário do que aconteceu nos países com boa qualidade de educação, NÃO DESABOU, isto nos diz que com os professores que o Brasil, em geral, coloca nas salas de aula, com o material escolar que é fornecido nas nossas escolas e com a pedagogia que é aplicada, IR ou não IR à escola não está fazendo a menor diferença no Brasil.
E eu estou para dizer que se avaliassem o desempenho de alunos de curso superior esta realidade macabra que o PISA apresenta se repetiria e iria mostrar que não está fazendo também muita diferença ir ou não ir à universidade, devido aos, em geral, péssimos professores que lá estão.
Estamos pagando professores e gastando dinheiro com o funcionamento do MEC à toa.
É preciso gastar o que o Brasil vem gastando, 6% do PIB, que é mais do que gastam Coreia do Sul e Austrália, mas não dá para ficar fazendo este gasto à toa, jogando dinheiro fora.
■É preciso avaliar a sério e anualmente a qualidade do ensino e, se for verificada insuficiência grave, DEMITIR professores e demais profissionais, mesmo se concursados.
A educação tem que ser tratada em favor do aluno, que paga pela educação recolhendo impostos, e não ser tratada para proteger professores que não ensinam.