Lula deixa Berlim após três dias de agenda de reaproximação com a Alemanha, que incluiu retomada de mecanismo de diálogo entre cúpulas de governo e assinatura de mais de uma dezena de acordos de cooperação.
Publicado em 05/12/2023
Por Jean-Philip Struck – Berlim
DW — “Saio da Alemanha muito, muito orgulhoso. Eu já fui presidente por oito anos. E acho que esta foi a melhor reunião que o Brasil já fez com o governo alemão”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira (05/12), ao deixar Berlim e encerrar uma intensa agenda de três dias de encontros e reuniões com o governo alemão e membros da classe política e empresarial do país europeu.
O principal destaque da visita foi a retomada das consultas intergovernamentais de alto nível Alemanha-Brasil, um mecanismo de diálogo que o governo alemão mantém com poucos parceiros internacionais e que prevê reuniões regulares de ministros de governos parceiros.
Lula e mais de uma dezena de ministros do seu governo chegaram a Berlim no domingo para se reunir com seus homólogos alemães e o chanceler federal, Olaf Scholz. Os dois governos assinaram 19 acordos de cooperação, em áreas como meio ambiente, bioeconomia, combate à desinformação e política agrícola.
“Foi uma reunião de compromissos, uma reunião de parcerias. E acho que a gente pode ter certeza de que muita coisa boa vai acontecer com essa parceria com a Alemanha, muitos investimentos, lá e aqui. E acho que o Brasil pode ter o orgulho de se transformar no país que pode mais oferecer perspectivas nesse momento em que discutimos a transição energética. Eu acho que não vamos jogar fora as oportunidades do século 21, que nós jogamos no século 20”, disse Lula
Um pouco antes, durante gravação do programa semanal Conversa com o Presidente, Lula também fez uma avaliação semelhante.
“Eu volto muito convencido depois da quantidade de contatos de que o Brasil voltou a ser um país respeitado. Como é bom você perceber que as pessoas querem conversar com o Brasil. Nós temos que plantar, regar e adubar. Senão a gente não colhe”, disse Lula no programa.
Último dia de Lula em Berlim
Nesta terça-feira, terceiro e último dia da sua visita à Alemanha, Lula se reuniu em Berlim com o ex-presidente alemão e ex-diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) Horst Köhler, que ocupou esses cargos na época em que o brasileiro exerceu seus primeiros dois mandatos na Presidência do Brasil.
O SPD de Scholz e PT de Lula são considerados “partidos-irmãos” – Jürgen Heinrich/IMAGO
Na mesma manhã, Lula ainda se encontrou com o ex-presidente do Parlamento Europeu e atual presidente da Fundação Friedrich Ebert, Martin Schulz. A fundação é associada ao Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), com o qual o PT de Lula tem laços políticos que remontam aos anos 1980. OSPD e o PT de Lula já se referiram a essa relação como de “partidos-irmãos”.
Lula ainda tem uma amizade pessoal com Schulz. O alemão chegou a visitar o brasileiro em 2018, quando o petista cumpria pena na sede da Polícia Federal em Curitiba.
Em seus três dias na Alemanha, Lula teve ainda dois encontros com o chanceler federal, Olaf Scholz, e uma reunião com o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, ambos do SPD. O brasileiro ainda participou de um seminário com membros do mundo empresarial alemão na Casa da Economia, em Berlim. Seus ministros também tiveram agendas paralelas na capital alemã.
Consultas intergovernamentais
O ponto alto da visita foi a segunda edição das consultas intergovernamentais de alto nível Alemanha-Brasil. Para tomar parte no encontro, Lula viajou a Berlim acompanhado de uma comitiva de ministros, incluindo Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Marina Silva (Meio Ambiente) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), entre outros.
A primeira edição das consultas intergovernamentais de alto nível entre Brasil e Alemanha havia ocorrido em 2015, durante a era Dilma Rousseff. Na época, apenas dez países faziam parte do seleto grupo de parceiros mais próximos de Berlim: França, Espanha, Itália, Polônia, Israel, Rússia, China, Índia, Tunísia e Holanda. Na primeira edição, a então chanceler Angela Merkel esteve em Brasília com uma comitiva de ministros e secretários que se reuniram com seus homólogos brasileiros
Originalmente, a Alemanha tinha a expectativa de que essas reuniões ocorressem a cada dois anos – mas isso nunca foi cumprido. Nos bastidores, diplomatas alemães avaliaram que a turbulência do governo Temer em 2017, marcada por escândalos de corrupção, não favorecia o clima para uma segunda edição. A retomada das reuniões ficou ainda mais distante sob Jair Bolsonaro a partir de 2019.
“A Alemanha está apoiando o Brasil com sua meta de desmatamento zero até 2030 para proteger a Floresta Amazônica”, disse Scholz na segunda-feira, após a retomada das consultas com o governo Lula.
“Estamos unidos pela proteção climática que beneficia a todos. Sob a égide da nossa nova parceria de transformação, os ministros responsáveis assinaram hoje [segunda-feira] uma dúzia de declarações de intenções para dar vida à parceria.”
Paulo
06/12/2023 - 00h08
Olaf Scholz foi escalado pela União Europeia para “ensabonetar” Lula, depois da negativa do Macron…Eu vejo o futuro dessas relações com preocupação…
Saulo
05/12/2023 - 21h21
Resumo: blá, blá, blá, blá…fim.