Nas próximas semanas será votada a PEC 05/23, que amplia as isenções tributárias de igrejas. A proposta veda quaisquer impostos sobre a aquisição de bens e serviços para “formação do patrimônio, geração de renda e prestação de serviços” pelas organizações religiosas de qualquer culto. Ela é de autoria do pastor e deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos), que é sobrinho de Edir Macedo, líder máximo da Igreja Universal do Reino de Deus.
E embora o texto afirme que as isenções sejam para todas as religiões, é fato que a PEC tem destino e credo bem definidos.
A coluna conversou com membros próximos da liderança do governo na Câmara dos Deputados sobre os objetivos que se buscam atingir com tal texto e se essa articulação e empenho faziam parte de algum esforço para se aproximar dos evangélicos. Em resposta, uma das fontes apenas afirmou que parte do texto da reforma tributária já contempla essa necessidade de agradar os evangélicos e que, portanto, já faria parte do radar do Ministério da Fazenda trabalhar uma “solução para essa demanda antiga”. Confirmando uma notícia dada anteriormente e com exclusividade por esta coluna.
Essas mesmas fontes também afirmaram que o governo apoia tanto a proposta que quase indicou a deputada Benedita da Silva (PT), próxima aos evangélicos, como relatora do texto. No entanto, por questões de saúde, acabaram não escolhendo a parlamentar.
E enquanto o governo prepara esse pacote de “bondades” endereçado aos evangélicos, pastores das mais diversas denominações empreendem uma verdadeira campanha contra a nomeação do Ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma articulação comandada pelo pastor Silas Malafaia que tenta colocar Dino como inimigo dos evangélicos e até mesmo chegando a questionar a religiosidade do ministro.
Parece que o governo está disposto a repetir com os evangélicos o mesmo relacionamento abusivo que tem com os políticos do centrão, onde muito se dá e pouco se recebe. A diferença é que apenas o segundo é fundamental para a governabilidade.