A colunista do Globo, Miriam Leitão, que ficou conhecida por questionar viabilidade do pré-sal e por defender a lógica dos interesses privados e internacionais, atacou a decisão confirmada pelo presidente Lula de integrar o Brasil à OPEP+. “Além das preocupações ambientais, isso carece de lógica econômica”, escreveu a colunista em texto publicado no Globo.
“Nesta semana, aliás, a Opep determinou uma redução de um milhão de barris dia da produção do grupo a partir de janeiro de 2024. O Brasil vai fazer o quê nesse caso? Vai reduzir a produção por ordem da Opep?”, prosseguiu.
“Uma coisa é ter uma estratégia de descarbonização da economia brasileira. Essa é uma discussão importante, outra coisa é diminuir a produção por resolução externa”, disse.
Vale destacar que o presidente Lula assegurou que a união do Brasil com a Opep+ não tornará o país um membro pleno da organização, mas como um observador e agente de cooperação.
O chefe de estado brasileiro também sublinhou a importância de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e promover investimentos em energias renováveis, apesar dos desafios existentes.
Sendo assim, o Brasil não vai se curvar às decisões diretas da OPEP+, principalmente no que diz respeito à produção de petróleo, como maliciosamente Miriam Leitão insinua no texto da sua coluna.
Em outro momento, a jornalista do Grupo Globo diz que a OPEP+ perdeu a relevância e que também está perdendo, em termos de competitividade, para países do Ocidente como Estados Unidos e Canadá.
“A Opep está se tornando cada vez menos importante para a definição dos preços do mundo. Isto porque a produção cresce em outros países que não fazem parte do grupo, como Estados Unidos, Canadá e no próprio Brasil. Então qual é a estratégia, quando cresce a produção num país, como foi o caso da Rússia, eles trazem para perto, convidam a fazer parte desse puxadinho que é a Opep+”, declara.
Mais cedo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, esclareceu que a entrada do Brasil na OPEP+ é considerada uma medida estratégica e que foi liderada pelo presidente Lula.
O ministro enfatizou a intenção do Brasil de liderar os países produtores de petróleo na aceleração da transição energética, utilizando as receitas do petróleo para financiar iniciativas em energia limpa e renovável, buscando uma mudança sustentável no setor energético.
Em outras palavras, o real sentido dessa entrada do Brasil no grupo é justamente colaborar para que a OPEP+ se torne um grande bloco de produção de energia limpa, tirando a dependência plena do petróleo.
Isso por si só garante mais competitividade e independência para os países membros e também para o Brasil, que tem autoridade, credibilidade internacional e recursos naturais abundantes para liderar essa transição.