GENEBRA (Reuters) – Mais pessoas poderão morrer de doenças do que de bombardeios na Faixa de Gaza se o sistema de saúde não for reparado, disse um porta-voz da Organização Mundial da Saúde nesta terça-feira.
As autoridades de saúde de Gaza, consideradas confiáveis pelas Nações Unidas, dizem que mais de 15.000 pessoas foram confirmadas como mortas no bombardeio de Gaza por Israel, cerca de 40% delas crianças, com muitos mais mortos temendo-se que estejam perdidos sob os escombros.
Israel jurou aniquilar o Hamas, o grupo militante que governa Gaza, depois de os seus homens armados terem atravessado a cerca e matado cerca de 1.200 pessoas e feito 240 prisioneiros em 7 de Outubro.
“Eventualmente veremos mais pessoas a morrer de doenças do que as que estamos a ver devido aos bombardeamentos se não formos capazes de reconstruir (unir) este sistema de saúde”, disse Margaret Harris, da OMS, numa conferência de imprensa da ONU em Genebra.
Ela repetiu preocupações sobre o aumento de surtos de doenças infecciosas, especialmente doenças diarreicas.
Citando um relatório da ONU sobre as condições de vida dos residentes deslocados no norte de Gaza, ela disse: “(Não há) medicamentos, não há actividades de vacinação, não há acesso a água potável e higiene e não há alimentos. Vimos um número muito elevado de casos de diarréia entre bebês”, disse ela.
Ela descreveu o colapso do Hospital Al Shifa, no norte de Gaza, como uma “tragédia” e expressou preocupação com a detenção de parte do seu pessoal médico pelas forças israelitas durante um comboio de evacuação da OMS.
James Elder, porta-voz da Agência das Nações Unidas para a Infância em Gaza, disse aos repórteres por videoconferência que os hospitais em Gaza estavam cheios de crianças com ferimentos de guerra e gastroenterite por beberem água suja.
“Conheci muitos pais… Eles sabem exatamente o que seus filhos precisam. Eles não têm acesso a água potável e isso os está paralisando”, disse ele.
Ele descreveu ter visto uma criança com parte da perna deitada no chão do hospital durante várias horas, sem receber tratamento por falta de pessoal médico.