Sputnik – Em meio a uma das guerras mais sangrentas no Oriente Médio, com ataques diários inclusive contra escolas, hospitais e campos de refugiados, o número de palestinos mortos pelo conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza ultrapassou 14,1 mil. A informação foi divulgada nesta terça-feira (21) pelo movimento.
Os confrontos no território que tem 2,3 milhões de habitantes já duram mais de seis semanas, e, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 1,6 milhão de palestinos precisaram deixar suas casas, principalmente na região norte de Gaza.
Conforme o Ministério da Saúde da Palestina, entre os mortos há 5.840 crianças e 3.920 mulheres, o que corresponde a quase 69% das vítimas da guerra. Por conta dos bombardeios e ataques por terra, também ficaram feridas mais de 33 mil pessoas.
Apesar do balanço, a pasta alegou que não é possível fornecer números exatos das mortes, já que os intensos combates impediram a recuperação de vários corpos. Por diversas vezes, a ONU já denunciou supostos crimes de guerra cometidos por Israel na Faixa de Gaza. O principal aliado do país, os Estados Unidos, chegou a pedir medidas para mitigar o número de civis mortos, apesar de aumentar ainda mais o fornecimento de armas aos israelenses.
A comunidade internacional continua a fazer pressão por um cessar-fogo temporário ou definitivo para que a população civil seja retirada da região e para que a ajuda humanitária com alimentos, remédios e água atenda às necessidades do local. Segundo a ONU, são necessários pelo menos 500 caminhões por dia.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também sofre com desgastes internos em meio ao conflito. Na última semana, um protesto em Tel Aviv chegou a pedir a renúncia do premiê, e o líder da oposição no país, Yair Lapid, afirmou que o fracasso na segurança israelense que resultou no ataque do Hamas em 7 de outubro fez o país “perder a fé” no governo de Netanyahu.
Em uma entrevista, Lapid afirmou que o país não pode se dar ao luxo de “conduzir uma guerra prolongada com um primeiro-ministro em quem o público não confia”. Por isso ele defendeu a saída imediata do premiê.
Desde o ataque do Hamas, que causou a morte de 1,2 mil pessoas em Israel, as críticas internas ao governo de Netanyahu aumentaram. O primeiro-ministro é acusado de descuidar da segurança do país ao se distrair defendendo seu projeto de reforma judicial e também ao lidar com seus julgamentos na Justiça por corrupção.
Na América Latina, países como Colômbia e Chile chamaram seus embaixadores para consulta, o que representa uma insatisfação com o andamento da guerra na Faixa de Gaza, enquanto a Bolívia cortou as relações diplomáticas diante do elevado número de palestinos mortos.
Conflito dura seis semanas
Pela primeira vez desde o início do conflito, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou no início do mês uma resolução que pede uma pausa humanitária longa em Gaza. Israel declarou guerra ao Hamas no dia 7 de outubro, quando foi alvo de ataques sem precedentes vindos da Faixa de Gaza que conseguiram driblar o sistema de defesa antimísseis.
Em resposta, as Forças de Defesa de Israel (FDI) iniciaram uma operação contra o Hamas. Em poucos dias, os militares tomaram o controle de todas as localidades na fronteira com Gaza e começaram a realizar ataques aéreos em alvos, incluindo civis, no território do enclave. Além disso, o país anunciou o bloqueio total da Faixa de Gaza, interrompendo o fornecimento de água, alimentos, eletricidade, medicamentos e combustível.
No final de outubro, começou a fase terrestre da operação israelense no enclave. A cidade de Gaza foi cercada por forças terrestres israelenses, e o enclave foi efetivamente dividido em partes sul e norte.
O conflito palestino-israelense, relacionado a interesses territoriais, tem sido fonte de tensões e conflitos na região por muitas décadas. A decisão da ONU de 1947 determinou a criação de dois estados, Israel e Palestina, mas apenas o israelense foi estabelecido.