A armadilha do arcabouço fiscal junto com a cama de gato do déficit zero, propostas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elevou o pessimismo até mesmo entre os agentes do mercado no Rio de Janeiro e São Paulo.
De acordo com uma pesquisa da Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 22, cerca de 55% dos entrevistados acreditam na deterioração na economia nos próximos 12 meses, representando um aumento de 21 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, conduzida em setembro.
A dificuldade óbvia do governo em atingir o famigerado déficit zero e colocar em prática o arcabouço fiscal, defendido com unhas e dentes por Haddad, foi identificada como o principal desafio para 77% dos executivos entrevistados. Todos os participantes questionam se o governo conseguirá zerar o déficit em 2024. ” O mercado não acredita que o arcabouço votado, aprovado e sancionado esteja de fato funcionando”, afirma o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest.
Com o agravamento do pessimismo, 51% agora preveem um crescimento do PIB abaixo de 3% neste ano, em comparação com apenas 15% em setembro. No entanto, 73% descartam o risco de uma recessão este ano. A maioria dos entrevistados, 80%, acredita que a equipe econômica de Haddad é inferior a do governo Bolsonaro, comandado por Paulo Guedes. Além disso, 39% afirmam que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem menos influência do que há dois meses.
Vale lembrar que nas últimas semanas, Haddad enfrentou uma disputa interna com aqueles que se opõem a implementação da política de déficit zero, como o ministro Rui Costa (Casa Civil) e a ministra Simone Tebet (Planejamento), desde o início do arcabouço fiscal.
Tanto é que a avaliação do trabalho de Haddad diminuiu, com uma aprovação de 43%, em comparação com 46% na última pesquisa, enquanto a avaliação negativa aumentou de 23% para 24%. A avaliação do governo Lula também é negativa para 52% dos entrevistados, em comparação com 47% em setembro, enquanto a avaliação positiva diminuiu de 12% para 9%.
A pesquisa também revelou que (pasmem) 73% acreditam que a política econômica está na direção errada. No entanto, 74% consideram a reforma tributária proposta – que será novamente votada pelos deputados – melhor do que o atual sistema.
Já a capacidade do governo de aprovar sua agenda no Congresso Nacional é vista como regular por 53%, baixa por 29% e alta por 18%. Entre as propostas, as duas com mais chances de aprovação são a taxação dos fundos exclusivos (88% consideram muito provável) e a taxação dos fundos offshore (86%). A reforma do Imposto de Renda é considerada a de menor chance de aprovação: 16% a consideram muito provável, e 44%, improvável.
Para a próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), 72% esperam a definição de uma Taxa Selic de 11,75%. Quanto ao ciclo de cortes de juros, 41% acreditam que ele se encerrará abaixo de 10%.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mantém uma alta aprovação, atingindo 85%. No entanto, há uma preocupação considerável (70%) com a possível indicação de Lula para suceder Campos Neto, sendo o principal motivo de preocupação o risco de ingerência por parte do governo, apontado por 51% dos entrevistados.
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