Um recente artigo revisado por pares, publicado na revista acadêmica trimestral “Latin American Perspectives” da Universidade da Califórnia, apresenta evidências inéditas, em inglês, sobre o envolvimento ativo do Governo dos Estados Unidos na Operação Lava Jato.
O estudo, resultado de três anos de pesquisa conduzida pelos professores universitários Bryan Pitts, Kathy Swart, Rafael Ioris e Sean Mitchell, em colaboração com o sociólogo e jornalista Brian Mier, documenta que o papel dos EUA na agora desacreditada investigação anticorrupção já era de conhecimento público em 2016.
Neste ano, tanto o Departamento de Justiça dos EUA quanto veículos de imprensa proeminentes, como o New York Times e o Washington Post, divulgaram informações reconhecendo a cooperação entre as partes. De dezembro de 2016 a junho de 2019, os autores observam que o Departamento de Justiça emitiu quatro comunicados de imprensa relacionados à sua colaboração com o Ministério Público brasileiro no contexto da FCPA e da Lava Jato.
Os autores destacam, em particular, a resposta do Procurador-Geral Adjunto Stephen E. Boy, datada de 7 de junho de 2020, à carta assinada por 14 congressistas dos EUA em agosto de 2019. Nessa resposta, os quatro comunicados de imprensa foram citados como evidência de que a relação entre a Lava Jato e o Departamento de Justiça dos EUA era de conhecimento público.
Além disso, o artigo ressalta um discurso proferido em junho de 2017 pelo então Procurador-Geral Adjunto Kenneth A. Blanco no Atlantic Council. Blanco destacou a estreita cooperação entre os dois países, baseada na confiança mútua, permitindo comunicações diretas sobre evidências.
O estudo documenta como essas revelações levaram a equipe de defesa do atual presidente Lula a apresentar uma petição para arquivar as acusações, argumentando que a colaboração informal entre os promotores da Lava Jato e as autoridades estrangeiras violou a lei brasileira de segurança nacional.
Apontando para a cobertura jornalística, o artigo menciona um artigo de 2016 do New York Times, que explicava que as multas contra a Odebrecht e a Braskem resultaram de uma investigação conjunta por autoridades dos EUA, suíças e brasileiras, referindo-se ao lado brasileiro como “Operação Lava Jato”.
Os autores concluem destacando a surpreendente falta de atenção, por parte de acadêmicos e jornalistas, às informações públicas sobre o envolvimento dos EUA na Lava Jato. Eles enfatizam a responsabilidade crítica de examinar o papel muitas vezes oculto e negado do governo dos EUA na região, especialmente ao escrever sobre o “quintal” dos EUA, como o presidente Joe Biden já se referiu.
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