A última pesquisa AtlasIntel publicada nesta terça-feira (21) mostrou que o governo não está conseguindo fazer com que o seu trabalho chegue no dia-a-dia das pessoas, principalmente na segurança pública, um problema que atualmente impacta diretamente milhões de brasileiros de forma muitos mais profunda do que até mesmo a situação econômica.
Segundo a pesquisa, os três principais problemas na opinião dos eleitores é a segurança, seguida da corrupção e por ultimo, a pobreza/desemprego. Entre os temas mais mal avaliados, a questão da segurança e desigualdade também aparecem, além da própria saúde.
Isso pode servir de aviso para o governo de que apenas “manter” o que funciona pode não funcionar e que em muitos casos a população pode não estar enxergando as entregas da administração federal. E, principalmente na segurança, muito disso se dá pela repetição de políticas públicas antigas que não funcionaram no passado e mesmo assim o governo segue insistindo.
Uma delas é o uso de militares e operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para enfrentar o crime organizado, já na economia, a necessidade de conseguir atingir a meta fiscal de déficit zero, embora importante como finalização ao mercado, o objetivo do governo não se converte em um impacto direto para a população de maneira tangível, mesmo que seja um objetivo que vem custando muito tempo, recursos e esforços do governo para que se materialize.
E o que podemos acabar vendo aqui é uma confluência de fatores que se não trabalhados pelo governo, pode descambar em outra crise de representatividade, onde a sociedade se vê frustrada com o sistema político vigente e seus atores, evoluindo para um movimento de negação da política e terminando com a eleição do próximo Bolsonaro de plantão e que esteja “contra tudo isso que está aí”.
Lula tem como grande qualidade e defeito, a sua habilidade única para a conciliação, o que significa que o presidente consegue fazer um bom governo sem necessariamente enfrentar de maneira frontal questões que afetem a população. Seja na economia, na segurança ou em outros critérios.
Não por menos a pesquisa mostra que mais de 50% dos entrevistados ainda possuem expectativas positivas em relação ao mercado de trabalho e economia nos próximos meses.
E também há outro ponto interessante: tudo isso não é culpa estritamente do bolsonarismo, a avaliação negativa do ex-presidente Jair Bolsonaro é a terceira maior (52%), ultrapassado apenas por Ciro Gomes (54%) e Arthur Lira (58%).
De qualquer maneira, ainda não é o fim do mundo para o governo e tampouco a pesquisa é motivo para pânico embora mereça a atenção do Palácio do Planalto.
E o motivo disto é o fato de que a queda na aprovação do presidente foi mais acentuada nos seguimentos com maior renda (a partir de R$ 5000,00), onde a queda chegou a ser de 10% nas duas faixas de maior renda. Mais sensíveis à políticas públicas e políticos mais à direita.
Porém, cabe o governo se preocupar em não deixar que essa “frustração” atinja a base da sociedade brasileira que são as camadas de menor renda.
A coluna conversou com Andrei Roman, CEO da Atlasintel que comentou os resultados da sua pesquisa:
“Pela 1ª vez desde o início do mandato, a avaliação negativa do governo empata com a avaliação positiva. Se trata de um movimento lento, acumulado ao longo dos últimos 6 meses.
Pesa negativamente para o governo em 1º lugar a questão da segurança pública, principalmente no nordeste e no Rio de Janeiro.
Os brasileiros afirmam que esse é hoje o maior problema do país, superando temas que antigamente eram mais relevantes como corrupção, crise econômica ou a emergência de saúde pública durante a pandemia a Covid19″, afirmou Andrei.
Veja a pesquisa completa aqui