A ousadia do Estadão em liderar os ataques a revista Fórum, um veículo independente, que desmascarou o sensacionalismo sobre a famigerada “dama do tráfico”, fabricado pelo jornal para atacar o ministro da Justiça Flávio Dino, revela o desespero do conglomerado provinciano ao ver sua credibilidade e suposta imparcialidade na cobertura política desmoronarem.
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Ao tentar se pintar como vítima e distorcer a desconstrução do sensacionalismo realizada pela mesma revista Fórum e jornalistas independentes, como Leandro Demori, o Estadão usou uma nota da Associação Nacional de Jornais (ANJ) para criticar o que rotula como “tentativas de intimidação instigadas por líderes partidários, membros e apoiadores do governo e influenciadores”.
Na nota, a ANJ faz uma falsa e cínica comparação a desconstrução do sensacionalismo pela mídia progressista e indenpendente aos ataques fascistas a imprensa durante o governo de Jair Bolsonaro, que contou com o respaldo da mídia liberal – como o Estadão – em sua agenda econômica de destruição do patrimônio público. A nota diz que “o uso de métodos de intimidação contra veículos e jornalistas não se coaduna com valores democráticos”.
A associação, então, apela para o tradicional discurso de “liberdade de imprensa” – que para os direitistas da grande mídia só se aplica a quem repete seus discursos – para criticar “dirigentes políticos, sites e influenciadores governistas” que expuseram a falsa narrativa sobre a “dama do tráfico”, com o objetivo claro de tentar associar o ministro da Justiça, Flávio Dino, com facções criminosas, retroalimentado assim a máquina de fake news que domina o esgoto da extrema-direita na internet.
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“O uso de métodos de intimidação contra veículos e jornalistas não se coaduna com valores democráticos e demonstra um flagrante desrespeito à liberdade de imprensa. Também evidencia uma prática característica de regimes autocráticos de, com o apoio de dirigentes políticos, sites e influenciadores governistas, tentar desviar o foco de reportagens incômodas por meio de ataques contra quem as apura e divulga”, diz a nota, publicada em uma reportagem permeada por jornalistas e personalidades simpáticas ao jornal.
Entretanto, o Estadão omite que Francisco Mesquita Neto, diretor-presidente do jornal e um dos vice-presidentes da ANJ, enfrenta uma crise financeira e de credibilidade há mais de 10 anos. Vale lembrar que Mesquita Neto é o herdeiro do jornal, fundado pela família em 1875, que, entre outras posições controversas, defendeu a manutenção da escravidão no país e o regime de Adolf Hitler na Alemanha nazista em 1935.
Outro fato que o veículo esconde é que a frente do Estadão, que ataca Lula desde os tempos do sindicalismo no final dos anos 1970, Mesquita Neto recebeu Bolsonaro na sede do jornal em 10 de outubro de 2019, presenteando o ex-presidente com um quadro contendo uma página do folhetim.
O encontro, articulado pelo ex-Secom Fabio Wajngarten, ocorreu cerca de um ano após o jornal publicar o editorial “Uma Escolha Muito Difícil”, sobre a disputa no segundo turno das eleições de 2018 contra Fernando Haddad, demonstrando um apoio tímido ao então candidato de extrema direita.
Bolsonaro compareceu ao encontro com Mesquita Neto, diretores e editores do Estadão, incluindo Andreza Matais, acompanhado de ministros militares como Luiz Eduardo Ramos e Augusto Heleno, e Paulo Guedes, ministro da Economia, colocado na campanha presidencial pelo sistema financeiro para avalizar um futuro governo do deputado de ultradireita.
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