Menu

A astrologia política sobre Milei e o Brasil de 2026

Assim como a astrologia acredita que a posição dos astros no dia em que você nasceu influencia em aspectos da sua vida, há quem faça o mesmo na política, insistindo em criar correlações inexistentes onde não há. É a astrologia política. Sempre que algum país passa por um processo eleitoral, não faltam jornalistas ou “analistas” […]

2 comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News
Foto: Reprodução

Assim como a astrologia acredita que a posição dos astros no dia em que você nasceu influencia em aspectos da sua vida, há quem faça o mesmo na política, insistindo em criar correlações inexistentes onde não há. É a astrologia política.

Sempre que algum país passa por um processo eleitoral, não faltam jornalistas ou “analistas” políticos fazendo as mais diversas construções mentais (amparadas em fatos ou não) para dizer que essa ou aquela eleição é o prenúncio do que pode ocorrer no Brasil. Um simplismo que pode até agradar os mais preguiçosos ou aqueles que não acompanham a política.

E esse é o caso da eleição argentina que deu vitória a Javier Milei. A eleição do extremista de direita foi o suficiente para que pessoas — sejam à esquerda ou à direita — alardeassem que este seria um prenúncio de que as eleições brasileiras de 2026 poderiam dar espaço para um novo extremista, já que Jair Bolsonaro seguirá inelegível até lá.

Com isso, as pessoas ignoram o descalabro que é a inflação argentina ou então os anos de peronismo/kichnerismo que não conseguiram propor soluções objetivas e até mesmo disruptivas para as questões econômicas e sociais que o país enfrentava. Também é deixado de lado que, enquanto o mundo passava por uma crise de representatividade em suas democracias, algo ocasionado pelas seguidas crises do capitalismo nos últimos anos, a Argentina acabou sofrendo dessa mesma crise de maneira atrasada.

Foi assim que Milei, num processo muito semelhante ao de Jair Bolsonaro, conseguiu capitanear um sentimento de negação da política causado por esta crise de representatividade. O mesmo aconteceu com Trump nos EUA e outros tantos extremistas de direita que ascenderam ao poder nos últimos anos. Países que também sofreram com crises ou dificuldades em suas economias.

A economia que derrotou Jair Bolsonaro é a mesma que elegeu Milei. Não há grandes mistérios, misticismo ou feitiçaria que possam ser feitas. Quando as pessoas sentem que seu poder de compra e renda estão prejudicados e passam anos sem enxergar um enfrentamento real sobre as grandes questões do país (que passam também pela economia), acabam por votar em quem diz estar “contra tudo isso que está aí”.

Isso não surgiu com as redes sociais, com Bannon ou Trump. No Brasil mesmo, este processo já ocorreu com Jânio Quadros e anos mais tarde com o próprio Collor. Assim como a Argentina também, assim como outros países.

O que vai “dar recados” e orientar políticos e eleitores para 2026 é a economia e a capacidade que um governo tem de enfrentar e solucionar os problemas reais das pessoas. Não é kit gay, não é facada, não é Milei.

Nenhuma eleição num outro país é prenúncio ou recado para eleições em outros países. Repito, isso é astrologia eleitoral.

Agora, a inflação de um país diz muito sobre as eleições deste mesmo país. “É a economia”.

Apoie o Cafezinho

Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Paulo

20/11/2023 - 23h21

Boa parte do que se fala em política é pura “astrologia”, percebi com o tempo. Hoje em dia dou bem menos importância aos ditos analistas políticos (e mesmo econômicos, em igual ou pior medida), do que fazia no passado. É a “sabedoria” do sujeito que já viveu muito…

Dudu

20/11/2023 - 21h48

A economia Americana estava indo bem, assim como os números da brasileira eram todos positivos no embalo da saída da pandemia mas Trump e Bolsonaro não foram reeleitos.

Os eleitores brasileiros (que notoriamente não brilham por inteligência e cultura do trabalho e do estudo) preferiram a acomodação e as promessas de dinheiro caindo do céu, as babaquices, o pula pula atrás de um carro de som, a retórica bananeira terceiro mundista de sempre ao trabalho e estudo.

Sem a pandemia Trump e Bolsonaro seriam reeleitos facilmente pois as pessoas precisam de alguém que nas dificuldades precisam as trate como crianças ou como adultos idiotas… é um joguinho psicológico e nada mais Enos canalhas se aproveitam disso.

A Argentina depois de 20 anos de socialismo chegou a um ponto sem retorno por tanto era óbvio que qualquer um que chegasse ao segundo turno ganharia as eleições.


Leia mais

Recentes

Recentes