Cid e Lula marcam reunião para discutir filiação do senador ao PT

Senador Cid Gomes (PDT-CE). Foto: Pedro França/Agência Senado

O senador Cid Gomes (PDT-CE) expressou sua intenção de encontrar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir sua possível filiação ao PT. Este movimento ocorre em meio a um conflito contínuo com o irmão e ex-presidenciável Ciro Gomes em relação a alianças com o PT em âmbitos nacional e estadual.

“Vou procurar o Presidente Lula na próxima semana para conversarmos”, disse o senador a um grande veículo de imprensa.

Na sexta-feira, o ministro da Educação, Camilo Santana, também senador licenciado pelo PT do Ceará, informou que o PT está de “portas abertas” para Cid Gomes. Ele mencionou que já discutiu o assunto com Lula.

“Eu estive com o presidente Lula esta semana, e ele me pediu para fazer o convite ao senador Cid, que as portas do partido estão abertas caso ele queira se filiar ao PT”, declarou Camilo em um evento em Fortaleza.

No entanto, a unanimidade no PT para receber Cid Gomes não é total. José Guimarães, líder do governo na Câmara e membro do PT-CE, minimizou a declaração de Camilo, considerando-a apenas “uma gentileza”. Cid também está em diálogo com o PSB e o Podemos.

“Nenhuma (chance de Cid se filiar ao PT). Uma simples gentileza”, afirmou Guimarães.

As divergências entre Ciro e Cid Gomes no PDT se acentuaram desde a eleição presidencial de 2022. Cid tem promovido uma saída em massa do PDT, incluindo o prefeito de Sobral, Ivo Gomes, e a deputada estadual Lia Gomes, irmãos dos Gomes.

Cid busca aliar o partido à base do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), e está de olho em uma aliança com o PT para a eleição municipal de 2024 em Fortaleza. Por outro lado, Ciro defende a oposição ao governo estadual e rejeita uma aliança com o PT.

Cid, conhecido por criticar os petistas em um ato de campanha em 2018 e por ironizar a prisão de Lula, decidiu apoiar o presidente no segundo turno do ano passado, enquanto Ciro não se posicionou na disputa contra Jair Bolsonaro.

Recentemente, 43 prefeitos cearenses anunciaram sua desfiliação do PDT, juntando-se a 18 parlamentares, outros dez chefes de Executivos municipais e dois filiados sem mandato, totalizando 73 baixas desde o início da crise.

A recente debandada, que aconteceu em um evento com 46 prefeitos em Fortaleza, reacendeu a disputa entre os grupos liderados por Ciro e Cid. Dentre os que deixarão o PDT estão Ivo Gomes e a deputada estadual Lia Gomes.

Este grupo contesta a liderança do PDT nacional, encabeçada por André Figueiredo, aliado de Ciro. A situação escalou após uma reunião que resultou em uma briga e troca de ofensas entre os irmãos Gomes, focada na disputa pelo diretório estadual do PDT no Ceará.

Cid classifica os conflitos com o diretório nacional como perseguição. Recentemente, ele obteve uma vitória judicial que devolveu o comando do PDT cearense ao seu grupo. Em retaliação, Figueiredo ameaçou expulsar Cid do partido, o que irritou Carlos Lupi, que se afastou da presidência do partido para assumir o Ministério da Previdência.

O PDT, com foco nas eleições municipais do próximo ano, mostra sinais de enfraquecimento. Em 2020, o partido elegeu 314 prefeitos, 65 deles no Ceará, incluindo o de Fortaleza, José Sarto. A perda de mais da metade desses líderes dificulta a formação de chapas e reduz a presença do partido.

Cid ressalta que sem alianças com outros partidos, como o PT, o PDT enfrentará dificuld

ades para formar chapas e obter tempo de TV na propaganda partidária. “Há por parte da Nacional um desrespeito com a maioria do partido aqui. No Ceará, o PDT é o maior partido com representação. Só queremos retomar uma aliança histórica com PT e outros partidos”, afirmou.

Compartilham desta opinião cinco deputados federais, 13 estaduais e mais de 40 prefeitos. “Poderíamos continuar brigando, mas chega uma hora que as pessoas compreendem que não são bem-vindas”, disse Cid.

André Figueiredo, presidente do PDT, minimiza os danos ao partido e lembra que nenhum dos prefeitos pediu oficialmente a desfiliação. “Infelizmente, o senador Cid, uma pessoa extremamente qualificada junto com o seu grupo, não consegue conviver com divergências dentro do mesmo partido e tem que impor as suas vontades”, comentou Figueiredo.

A ala do partido contrária a Cid questiona a forma como a reunião que resultou na debandada de prefeitos foi conduzida, alegando constrangimentos. “Não tem divisão no PDT do resto do país. Nós temos que conviver, lamentavelmente, com essa postura que é peculiar aos partidos que o senador Cid, com seu respeitável grupo, participa”, acrescentou Figueiredo.

A disputa interna entre Ciro Gomes e seu irmão Cid tem causado problemas no PDT. As reuniões do diretório nacional e estadual, que buscam suavizar as divergências no Ceará, colocaram em segundo plano a definição de pré-candidaturas para as eleições municipais do próximo ano.

Até agora, apenas três candidaturas foram anunciadas nas capitais: Duda Salabert em Belo Horizonte, Juliana Brizola em Porto Alegre e Goura em Curitiba. Em cidades importantes como Rio e São Paulo, o partido ainda não definiu sua posição.

Martha Rocha (PDT) é considerada uma possível candidata no Rio, e uma aliança com Eduardo Paes (PSD) para sua reeleição também é cogitada. Em São Paulo, há expectativa de uma aliança com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).

Diferentemente das eleições passadas, o PDT ainda não definiu seus candidatos. Em 2019, o partido já havia escolhido seus oito candidatos e estava formando alianças. Em 2020, elegeu representantes em Fortaleza e Aracaju.

Em Sergipe, Nogueira ainda não escolheu seu sucessor, com cinco nomes sendo considerados. Em Fortaleza, o reduto dos Ferreira Gomes, a disputa se concentra nos irmãos. Aliados de Ciro defendem a reeleição de Sarto, enquanto o grupo de Cid apoia Evandro Leitão, presidente da Assembleia Legislativa, que aguarda um parecer do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para concorrer.

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