A diminuição da participação em manifestações de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, observada nas ruas durante o feriado de 15 de novembro, foi igualmente percebida no ambiente online. Um estudo realizado pela consultoria Quaest, que analisou postagens em redes sociais e aplicativos de mensagens sobre o assunto, revelou que a presença dos seguidores de Bolsonaro na esfera virtual, neste último dia 15, foi inferior em comparação a protestos anteriores. Com informações do O GLOBO.
Conforme as informações apresentadas, a média de referências ao tema foi de 50 mil, um valor consideravelmente inferior ao registrado em manifestações do ano anterior. Em eventos como os de 7 de setembro de 2022, por exemplo, a média atingiu 316 mil menções no dia das manifestações.
“Bolsonaro deve estar com o sinal amarelo ligado. Um dos pilares mais importantes de sua estratégia política era a mobilização convocada nas redes e apresentada nas ruas. O “DataPovo” parece ter sofrido um baque importante depois do 8 de Janeiro. Com o Supremo atuando para inibir movimentos antidemocráticos, o bolsonarimo mais ativo e mais radical está acuado”, avalia o diretor da Quaest, Felipe Nunes.
No começo de outubro, Bolsonaro atribuiu a diminuição da audiência em um evento contra o aborto na capital mineira aos efeitos dos protestos de 8 de janeiro.
“Creio que a diminuição do número de pessoas vai pelo temor do que aconteceu no 8 de Janeiro. Agora, lá eram brasileiros patriotas que foram se manifestar, entraram em uma arapuca, numa armadilha patrocinada pela esquerda. E hoje muitos irmãos nossos estão sendo condenados por esses atos. Reprovo, sim, a dilapidação de patrimônio público, mas não justifica a pena”, disse Bolsonaro na ocasião.
Atos vazios
A reduzida presença em manifestações de rua da ala conservadora acontece em sequência às penalizações impostas aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro. Até agora, o Supremo Tribunal Federal (STF) proferiu condenações contra 25 indivíduos envolvidos na depredação dos edifícios dos três Poderes em Brasília.
Na quarta-feira, foram convocadas manifestações em pelo menos 13 capitais: Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Goiânia, Natal, Florianópolis, Cuiabá, Fortaleza, Recife, Belo Horizonte, Vitória e Salvador. Em São Paulo, os apoiadores de Bolsonaro se reuniram na frente do prédio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) — por volta das 13h, cerca de cem pessoas estavam presentes no local, exibindo cartazes críticos ao STF e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No Rio de Janeiro, o grupo se congregou na Avenida Atlântica, na Praia de Copacabana. Uma intervenção da Guarda Municipal na orla resultou em tumulto com os manifestantes, e um deles se lançou à frente de uma viatura. Em Brasília, por sua vez, aproximadamente 200 pessoas participaram do ato. O grupo realizou uma caminhada no Eixo Rodoviário, com uma parada em frente ao Banco Central, onde discursos foram proferidos.
Os políticos alinhados a Bolsonaro não demonstraram o mesmo nível de envolvimento na convocação dos atos, como era comum em ocasiões anteriores. No ano passado, em 15 de novembro, apoiadores extremistas de Bolsonaro bloquearam completamente a Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, marcando o início da instalação de acampamentos em frente a instalações militares em várias partes do país.