No cenário internacional, a crítica à postura quase incondicional dos Estados Unidos em relação à guerra conduzida por Israel na Faixa de Gaza está em crescimento. Apesar das demandas por um cessar-fogo, o presidente Joe Biden tem preferido apelar por pausas humanitárias, conforme reportagem da agência Sputnik.
Uma pesquisa recente da Reuters/Ipsos revelou que 68% dos americanos acreditam que os EUA deveriam buscar um cessar-fogo em Gaza. Do eleitorado democrata, dois terços apoiam a medida, enquanto entre os republicanos, o índice é de cerca de 50%.
O levantamento, realizado com 1.006 pessoas até a última terça-feira (14), indica uma queda no apoio à política de Israel no conflito, que já resultou em quase 11,5 mil mortes em pouco mais de cinco semanas. A divulgação de imagens da ofensiva israelense, atingindo hospitais, escolas e abrigos da ONU, é apontada como uma das razões para essa diminuição de apoio.
Apenas 32% dos norte-americanos defendem a continuidade da mesma política, comparado a 41% em outubro, quando a guerra foi desencadeada pelo ataque surpresa do Hamas a Israel, superando o sistema de defesa antimísseis. Em relação às posições no conflito, 4% dos entrevistados acreditam que os EUA devem apoiar os palestinos, enquanto 15% defendem que o governo não deve se envolver na guerra, números praticamente inalterados desde o mês anterior.
Apesar da popularidade de um pedido de cessar-fogo entre a população, especialmente entre os democratas, a maioria dos deputados deste partido no Congresso não endossa essa medida. Durante um comício pró-Israel, legisladores democratas e republicanos se manifestaram contra o fim da guerra na última terça-feira (14).
Paralelamente, mais de 400 funcionários da administração Biden assinaram uma carta aberta exigindo que o presidente interviesse para encerrar o conflito. No mesmo dia, 24 legisladores democratas, liderados por Alexandria Ocasio-Cortez, assinaram uma carta pedindo “uma cessação imediata das hostilidades.”
Josh Paul, ex-funcionário do Departamento de Estado, que renunciou em protesto, alega que os Estados Unidos estão intencionalmente ignorando os “crimes de guerra” de Israel na Faixa de Gaza. Paul, que supervisionava as transferências de armas para aliados dos EUA, incluindo Israel, por 11 anos, afirma que Israel está cometendo crimes de guerra em suas ações em Gaza, opinião compartilhada por outros funcionários do governo, mas que muitos não estão dispostos a expressar publicamente.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) iniciaram a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza em 7 de outubro. Em pouco tempo, tomaram controle de todas as localidades na fronteira com Gaza e realizaram ataques aéreos, inclusive contra civis. O conflito, enraizado em interesses territoriais, é fonte de tensões e confrontos há décadas, apesar da decisão da ONU em 1947 de criar dois Estados, Israel e Palestina, dos quais apenas Israel foi estabelecido.