Lula recebe brasileiros repatriados e denuncia genocídio contra palestinos

Foto: Presidência da República

O presidente Lula (PT) encontrou-se com o grupo de 32 brasileiros e palestinos repatriados da Faixa de Gaza na noite desta segunda-feira (14). Durante o encontro, ele afirmou que o governo de Israel também pratica atos de terrorismo ao realizar bombardeios naquele território.

“Se o Hamas cometeu um ato de terrorismo e fez o que fez, o Estado de Israel também está cometendo vários atos de terrorismo ao não levar em conta que as crianças não estão em guerra; ao não levar em conta que as mulheres não estão em guerra; ao não levar em conta que eles não estão matando soldados, estão matando junto crianças”, declarou o presidente.

“E, depois, [há também] a destruição de tudo que as pessoas levam décadas para construir. Uma casa, uma rua, um prédio, uma escola, um hospital, e depois uma simples bomba detona aquilo sem ninguém assumir a responsabilidade de quem vai recuperar aquilo”, disse.

Lula destacou que, em sua opinião, Israel não está atacando apenas combatentes envolvidos na guerra, mas também causando a morte de crianças. “Não estão matando soldados, estão matando junto crianças. Já são mais de 5 mil crianças e tem mais de 1,5 mil crianças desaparecidas que certamente estão no meio dos escombros“, criticou.

O presidente enfatizou que locais como hospitais e residências estão sendo devastados por bombardeios, e lamentou a ausência de qualquer entidade assumindo a responsabilidade pela reconstrução dessas estruturas.

Além disso, ele declarou que o governo federal está disposto a resgatar mais pessoas que se encontram na região de conflito e elogiou os esforços do Ministério das Relações Exteriores nas operações de repatriação dos brasileiros.

Ele enalteceu a atuação do ministro Mauro Vieira no Conselho de Segurança da ONU e recordou que uma resolução proposta pelo Brasil, que buscava a criação de um corredor humanitário na zona de conflito, obteve a aprovação de 12 países, sendo impedida de avançar devido ao veto dos Estados Unidos.

O presidente estava acompanhado de sua esposa, a primeira-dama Janja da Silva, bem como dos ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, da Justiça, Flávio Dino, da Comunicação, Paulo Pimenta, dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, e da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo.

Ele dialogou com todos os repatriados e assumiu o compromisso de mobilizar o governo para auxiliar na readaptação dessas pessoas ao Brasil.

Mais cedo, o presidente intensificou suas críticas ao afirmar que a resposta de Israel era “tão grave” quanto as ações do grupo considerado como organização terrorista, o Hamas.

Na manhã de segunda-feira (13), durante um evento no Palácio do Planalto, Lula classificou os ataques do Hamas como atos de terrorismo. No entanto, ele também acrescentou que a abordagem de Israel para lidar com a situação era igualmente grave.

Porque eles [soldados israelenses] estão matando inocentes sem nenhum critério”, seguiu o presidente. “Jogar bomba onde tem criança, onde tem hospital, a pretexto de que o terrorista está lá, [isso] não tem explicação. Primeiro vamos salvar crianças, mulheres, aí depois faz a briga com quem quiser fazer.”

Lula discursava sobre as operações que resultaram na retirada de brasileiros de Gaza no último final de semana, após enfrentar dias de impasse. O presidente mencionou que as negociações foram desafiadoras e incluíram vários fatores, destacando a necessidade da “boa vontade de Israel”.

“Dependia da boa vontade de Israel, dependia da quantidade de pessoas, que não sabíamos. Todo dia ligávamos de manhã e de tarde para o ministro de Israel, para o ministro do Egito, para o nosso embaixador, até que conseguimos trazer as pessoas”, disse o presidente.

Rhyan de Meira: Rhyan de Meira é estudante de jornalismo na Universidade Federal Fluminense. Ele está participando de uma pesquisa sobre a ditadura militar, escreve sobre política, economia, é apaixonado por samba e faz a cobertura do carnaval carioca. Instagram: @rhyandemeira
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