O governador Ratinho Junior (PSD) divulgará na segunda-feira (12), no Diário Oficial do Paraná, uma relação contendo 130 escolas da rede estadual que têm a possibilidade de adotar o modelo cívico-militar a partir de 2024. Com informações da Folha.
O objetivo é atingir a marca de 400 instituições sob a gestão de profissionais da área policial, sendo que, atualmente, esse número está em 206.
Em julho, quando o Ministério da Educação optou por encerrar o programa federal, o governador do Paraná declarou sua intenção de manter o projeto estadual. Esse programa foi inspirado na iniciativa lançada em 2020 por Jair Bolsonaro (PL), com quem o governador manteve proximidade nos últimos anos.
Com o encerramento do programa nacional, o governo do Paraná optou por assumir a administração das 12 instituições federais, elevando o total de colégios no modelo cívico-militar para 206. Em 2019, quando Ratinho Júnior assumiu o cargo, o Paraná contava com apenas sete colégios da Polícia Militar.
Entre os dias 28 e 29 de novembro, a comunidade escolar participará de uma votação para determinar se há interesse ou não na transição do modelo atual para o cívico-militar.
Além da distribuição de uniformes específicos do programa estadual para os alunos e da presença de monitores vinculados ao “Corpo de Militares Estaduais Inativos Voluntários”, outra característica distintiva da escola cívico-militar é a carga horária curricular ampliada. Isso inclui aulas adicionais de Português e Matemática, juntamente com aulas dedicadas a temas como Civismo e Cidadania.
Ratinho Junior tem explorado a possibilidade de candidatar-se à Presidência em 2026, buscando representar um bloco político de orientação à direita. Esse grupo incluiria figuras como Romeu Zema (Novo-MG), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), entre outros.
Como parte dessa estratégia, Ratinho Junior busca destacar as escolas cívico-militares e as privatizações como elementos distintivos de sua gestão.
Formato rígido não significa melhores resultados
Em entrevista ao g1, Claudia Costin, docente em universidades como FGV e Harvard, argumenta que as instituições do Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares (Pecim) originaram-se com base na reputação das escolas militares vinculadas ao Ministério da Defesa. No entanto, ela observa que essas escolas não alcançaram o padrão desejado.
“A curtíssimo prazo, chegam a uma melhora do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), mas isso não se sustenta, porque não é cortando o cabelo mais curto ou colocando trajes militares que os alunos aprendem mais”, diz Costin, que também é ex-diretora de Educação do Banco Mundial e presidente do Instituto Singularidades.
Costin ressalta que as vantagens do formato, tais como o aumento do protagonismo do aluno e o tempo integral de estudos, são características presentes em outros modelos educacionais. Como exemplo, ela menciona o modelo implementado em Pernambuco, que se destaca nas avaliações do ensino médio.
“O ensino médico aplicado em Pernambuco tem essas características e tem entregado resultados educacionais muito melhores do que as cívico-militares.”
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