Depois de não conseguir a aprovação do indicado para o cargo de defensor-geral da União e enfrentar uma série de desafios em relação à sua base no Senado, o presidente Lula expressou sua insatisfação a líderes de partidos que o apoiam.
Durante a reunião realizada na noite de segunda-feira, Lula não fez demandas diretas em relação à falta de apoio, mas deixou evidente seu desagrado.
No decorrer da reunião que durou quase duas horas no Palácio do Planalto, o clima tornou-se particularmente tenso, de acordo com relatos de parlamentares, especialmente quando se discutiram votações em que o governo enfrentou derrotas ou conquistou uma margem estreita de vitória.
Durante a reunião convocada com o propósito de encaminhar a votação da reforma tributária, duas situações que geraram preocupação para o governo foram mencionadas. Uma delas diz respeito à análise do projeto de lei que altera as normas do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), que foi aprovado com uma votação de 34 a 27 votos. A outra situação foi a rejeição de Igor Roque para liderar a Defensoria Pública da União (DPU), com 38 votos contrários e 35 a favor.
Segundo informações de parlamentares, o presidente está inquieto com o desempenho do governo no Senado, onde o Executivo tem enfrentado uma série de desafios.
Às vésperas da votação da reforma tributária, que é considerada uma prioridade, o presidente Lula decidiu tomar uma atitude ativa. Ele tentou coordenar a base parlamentar para garantir apoio na votação, destacando a importância de um esforço adicional. Vale ressaltar que a reforma é uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e requer a obtenção de 49 votos em dois turnos para ser aprovada no plenário.
Lula também abordou a questão dos vetos ao marco temporal para a demarcação de terras indígenas, que estão programados para serem votados no Congresso ainda esta semana. De acordo com um senador, o presidente afirmou que era “seu direito vetar e era direito do parlamento derrubar o veto”, caso a maioria assim deseje.
Segundo encontro nesta quarta
Lula convidou os senadores da base aliada para um café da manhã. O “Conselho de Coalizão Política” é essencialmente uma forma elegante de descrever o segundo ato de pressão dos partidos do centro em relação ao Palácio do Planalto.
Por parte de Lula, o encontro tem como propósito esclarecer aos senadores a importância da aprovação da agenda econômica para o ano de 2023. Atualmente, as prioridades no Senado incluem a aprovação da taxação de apostas esportivas e a reforma tributária, sendo que esta última está prevista para ser votada hoje.
Por outro lado, os senadores manifestarão sua principal queixa quanto à falta de reconhecimento do Senado. Eles argumentam que o governo prioriza a Câmara dos Deputados quando se trata de negociações envolvendo cargos e emendas parlamentares, o que gera insatisfação no Senado.
Essa queixa resultou em uma espécie de “rebelião” no Senado contra o governo. A rejeição recente do nome de Igor Roque para liderar a Defensoria Pública da União na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) demonstrou que a casa não mantém mais o mesmo nível de consenso que tinha anteriormente.
Com informações do O GLOBO e do Metrópoles.