Segundo a FOLHA, um conjunto de economistas e advogados que fazia parte da administração de Jair Bolsonaro (Partido Liberal) ou apoiava o ex-presidente está planejando opor-se à privatização da Sabesp, desafiando uma das principais iniciativas do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que também é alinhado com Bolsonaro.
Uma das estratégias envolve a busca pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, a fim de fornecer-lhe informações sobre os supostos prejuízos que a venda da participação do Governo de São Paulo na estatal poderia causar aos consumidores. Mendonça é o relator de uma ação judicial movida pelo PSOL e pelo PT contra a privatização.
“Existe uma direita preocupada com a soberania do Brasil. E a Sabesp é um ativo estratégico do país, é uma das maiores empresas do mundo na distribuição de água e também na área do saneamento básico”, disse o Fabio Wajngarten, que comandou a Secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro e hoje advoga para o ex-presidente.
“Não faz sentido sairmos do monopólio público para cair no monopólio privado”, informou Wajngarten.
Energia elétrica privatizada
Com o respaldo de sua base governista, Jair Bolsonaro conseguiu aprovar a privatização da Eletrobras no mês de junho de 2021. A proposta seguiu pelo Congresso Nacional por meio da Medida Provisória (MP) 1031/21, o que limitou um debate mais abrangente devido ao prazo de validade da MP, que é de 60 dias e pode ser prorrogado uma única vez por período igual.
De acordo com especialistas no setor elétrico, a privatização da maior empresa de energia elétrica da América Latina acarretará sérias implicações para a população brasileira e a economia do país. Entre as preocupações destacam-se o potencial aumento das tarifas, a desindustrialização e o desemprego, a possibilidade de ocorrência de novos apagões, riscos de problemas sociais e ambientais, violações de direitos, ameaças à soberania energética do país, e outros desafios.
Apagão em SP e a redução de funcionários na empresa
A Enel, empresa que tem sido objeto de críticas devido ao longo período de interrupção no fornecimento de energia que já se estende por mais de 40 horas em algumas áreas de São Paulo, afetando ainda aproximadamente 1 milhão de pessoas, implementou uma significativa redução no quadro de funcionários desde 2019.
Os dados fornecidos pela própria empresa à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revelam que houve uma redução de quase 36% no número de funcionários da Enel entre 2019 e 2023. Esses números foram divulgados pela CNN.
No ano de 2019, a Enel mantinha um contingente de 23.835 funcionários e colaboradores, incluindo profissionais contratados diretamente pela empresa e terceirizados que faziam parte da antiga Eletropaulo. Ao final de setembro de 2023, o número de trabalhadores na concessionária havia diminuído para 15.366 profissionais, representando uma redução de 35,5% ao longo de quatro anos.
No mesmo intervalo de tempo, o número de clientes atendidos pela Enel na região metropolitana de São Paulo aumentou em 7%, totalizando 7,85 milhões de consumidores em residências e empresas.
Em 2019, a Enel possuía uma proporção de um funcionário para cada 307 clientes. Atualmente, cada colaborador da empresa está encarregado de atender, em média, um grupo de 511 consumidores.