O ex-diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Robson Cândido, foi detido em sua residência localizada no Park Way, na manhã deste sábado (4), na região do Distrito Federal. O delegado havia renunciado ao cargo de direção da corporação em outubro deste ano, em meio a acusações de envolvimento em crimes ligados à Lei Maria da Penha.
O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) efetuou a prisão e também conduziu a execução de mandados de busca e apreensão na 19ª Delegacia de Polícia e na residência do delegado Thiago Peralva. De acordo com as investigações, a infraestrutura da Polícia Civil, incluindo viaturas não identificadas, telefones institucionais e veículos oficiais, estava sendo utilizada para atividades ilícitas e de natureza pessoal.
Em declaração ao G1, a defesa de Robson Cândido informou que não irá se pronunciar a respeito do assunto.
Conforme os promotores, os alvos da operação realizada neste sábado teriam realizado a interceptação das chamadas telefônicas da ex-amante de Robson Cândido com o propósito de rastrear a sua localização em tempo real. Em virtude disso, a investigação aponta a ocorrência dos crimes de perseguição persistente (stalking) e abuso psicológico.
De acordo com o Ministério Público, o delegado da 19ª Delegacia de Polícia, Thiago Peralva, teria incluído o número da mulher em uma interceptação telefônica que já estava em andamento, relacionada a uma investigação de tráfico de drogas.
A ação realizada neste sábado está sob a coordenação do Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial, com o suporte do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado e MPDFT.
Na denúncia feita pela ex-amante do delegado, que tem 25 anos, a mulher relata que ele não aceitou o término do relacionamento e começou a perseguir incessantemente, acompanhando-a “em todos os lugares que frequentava”. Ela alega que Cândido invadiu sua residência em várias ocasiões, a perseguiu no trânsito, no local de trabalho, e “sempre demonstrava saber onde ela estava e o que fazia”.
De acordo com o relato dela, o ex-diretor da Polícia Civil do Distrito Federal ameaçava causar danos à sua carreira profissional, o que a deixava extremamente apreensiva, visto que ele era uma pessoa de influência que havia ajudado na obtenção do cargo que ela ocupava.
A jovem exerce a função de assessora especial no Metrô-DF, um cargo comissionado que lhe proporciona um salário bruto de R$ 13 mil. Em seu depoimento, ela relatou que, após pouco mais de um mês de resistência às tentativas persistentes de contato por parte de Robson, foi surpreendida com a notícia de que seria demitida do cargo.
Robson Cândido foi indicado para a liderança da Polícia Civil do Distrito Federal após ser o principal nome em uma lista tríplice elaborada por policiais e aprovada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) em 2019. O governador optou por manter o delegado à frente da corporação quando foi reeleito para o cargo de governador de Brasília no ano passado.
Antes de assumir a posição de diretor da Polícia Civil, Robson Cândido era o chefe da 11ª Delegacia de Polícia, localizada no Núcleo Bandeirante. Devido às acusações feitas contra ele, o delegado enfrentará três processos na Corregedoria da Polícia Civil: dois inquéritos policiais, um para cada vítima, e um processo disciplinar. Robson Cândido já foi interrogado e entregou suas armas de fogo.
O Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial (NCAP) do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) informou que “tomou ciência apenas da exoneração do então Diretor-Geral da PCDF e já instaurou procedimento interno para a devida apuração”. O MP também solicitou esclarecimentos à Corregedoria-Geral da Polícia Civil do Distrito Federal.