A decisão do TSE de condenar Walter Braga Netto definiu a escolha do PL e de Jair Bolsonaro de oficializar a candidatura de Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para a prefeitura do Rio de Janeiro.
No entanto, uma série de pesquisas encomendados pelo partido e conduzidos no último mês revelou que Alexandre Ramagem enfrenta desafios significativos antes de se tornar um candidato com potencial competitivo.
Neste momento, o candidato mais bem cotado nas pesquisas internas dos partidos é o atual prefeito, Eduardo Paes (PSD), que consistentemente registra aproximadamente 40% de apoio entre os eleitores.
De acordo com informações fornecidas por fontes do PL, Alexandre Ramagem se destacou nas pesquisas qualitativas, nas quais grupos de eleitores assistem a vídeos do candidato e compartilham seus comentários. Outros possíveis candidatos do PL também foram avaliados, incluindo o senador Carlos Portinho e o deputado e ex-ministro Eduardo Pazuello. No entanto, Ramagem demonstrou um potencial superior, além de ser o favorito de Jair Bolsonaro.
Entretanto, as mesmas pesquisas indicam que, para aumentar suas chances, Ramagem precisará conquistar maior reconhecimento. Nas palavras dos estrategistas de marketing, ele necessita desenvolver e fortalecer sua imagem de forma deliberada e estratégica.
Portanto, a fase inicial da estratégia do PL envolve associar a imagem de Ramagem à do ex-presidente, tornando-o um destaque nas quatro inserções de TV que o partido tem direito no final do ano.
No entanto, a intenção é retratá-lo nesses vídeos como um “bolsonarista moderado“, se é que isso é viável. Isso ocorre porque, de acordo com a percepção dos eleitores que participaram dos grupos de foco e conhecem Ramagem, ele é considerado um apoiador raiz de Bolsonaro, mas não expressa discursos odiosos nem adota um tom agressivo em suas falas.
Após identificar que segurança e desordem urbana são questões de grande preocupação para os habitantes do Rio de Janeiro, o PL buscará apresentar Ramagem como alguém capaz de restaurar a ordem na cidade, destacando sua determinação nesse aspecto para conquistar o eleitorado.
Entre os elementos-chave dessa estratégia de propaganda, destaca-se o fato de Ramagem ter liderado a Polícia Federal na operação Cadeia Velha, que resultou na prisão da cúpula da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Eles foram acusados de participar de um esquema de corrupção envolvendo propinas de empresas de transporte.
O desempenho de Ramagem na CPI de 8 de janeiro também o fortaleceu perante Valdemar da Costa Neto, presidente do PL. Costa Neto ficou satisfeito ao ver Ramagem acusar o governo de Lula de supostamente ocultar evidências, como a não entrega das imagens do circuito interno de vigilância do Ministério da Justiça, por exemplo.
Até o momento, o fato de Ramagem ter sido alvo de investigações da Polícia Federal devido às suspeitas de envolvimento em um esquema de espionagem na Abin não parece ter afetado sua posição no PL. De acordo com as investigações, durante seu período na Abin, teria operado um mecanismo de espionagem ilegal direcionado a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), jornalistas e oponentes políticos de Jair Bolsonaro entre 2019 e 2021.
A pesquisa qualitativa conduzida pelo PL revelou que os habitantes do Rio de Janeiro têm consciência de que a segurança pública é uma responsabilidade do governador, e, portanto, não consideram que seja função do prefeito combater o tráfico, assaltos ou a violência.
No entanto, os eleitores reconhecem que a abordagem para combater a desordem urbana pode contribuir para uma sensação de segurança aprimorada. Nesse aspecto, tanto Ramagem quanto o general Braga Netto eram bem vistos na percepção dos entrevistados.
No entanto, o general foi recentemente afastado da arena política após ser condenado na terça-feira passada (31) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devido ao abuso de poder político e econômico nas celebrações do Bicentenário da Independência no ano passado. Essa condenação o tornou inelegível até 2030.
O líder do PL no Senado, Carlos Portinho, recebeu uma boa recepção por parte dos eleitores, transmitiu confiança e, em alguns casos, foi até confundido com um pastor devido ao fato de não ter dobrado as mangas de sua camisa.
No entanto, é importante notar que Carlos Portinho não conta com o respaldo da família Bolsonaro, e é associado à ala mais moderada e menos radical do PL. Ele assumiu uma cadeira no Senado em novembro de 2020, após o falecimento de Arolde de Oliveira (PSD-RJ) devido à Covid-19.
A pesquisa interna do PL também revelou que, em geral, o eleitor do Rio de Janeiro está inclinado a votar pela reeleição de Eduardo Paes, embora desejasse uma mudança. No entanto, ainda não encontrou uma alternativa que verdadeiramente o agradasse.
A cidade do Rio de Janeiro é o berço político da família Bolsonaro
Nas últimas eleições, no segundo turno, Bolsonaro derrotou Lula com 52,66% dos votos válidos, enquanto Lula obteve 47,34% dos votos na capital fluminense, resultando em uma vantagem de 195.050 votos para Bolsonaro.
Apesar da derrota de Lula, é importante notar que ele obteve um desempenho relativamente melhor na capital do Rio de Janeiro em comparação com o resultado no estado como um todo. No estado do Rio, Lula perdeu para Bolsonaro com 43,47% dos votos válidos contra 56,53% de Bolsonaro, resultando em uma diferença de 1,25 milhão de votos a favor de Bolsonaro.
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